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Furacão Harvey: de catástrofe natural a catástrofe económica

Os primeiros custos já se estão a fazer sentir, com as ações das seguradoras norte-americanas entre as maiores desvalorizações registadas esta segunda-feira no índice bolsista S&P 500.
29 Agosto 2017, 06h30

Pelo menos oito pessoas morreram e milhares ficaram desalojadas. Os danos humanos do maior furacão a afetar o estado do Texas, nos EUA, nos últimos 50 anos, são incalculáveis. Mas quanto aos custos materiais, já estão a ser calculados.

O valor dos danos, causados pelo furacão de categoria 4, poderá chegar aos 30 mil milhões de dólares, incluindo o impacto das inundações na produtividade laboral, rede elétrica, transportes e setor energético da região. A avaliação, que coloca o fenómeno no lugar de oitavo pior furacão a atingir os EUA, é feita por Chuck Watson, da empresa de avaliação de catástrofes Enki Research.

O analista de seguros da Imperial Capital, David Havens, faz uma estimativa ainda mais pessimista e explicou, à agência Bloomberg, que a fatura pode alcançar os 100 mil milhões de dólares. A justificação para a diferença é que Havens tem em conta na sua avaliação que menos de um terço das perdas não estejam cobertas por seguros.

“Muitas dessas pessoas estarão em problemas financeiros muito sérias”, concordou Loretta Worters, porta-voz do Insurance Information Institute, à Bloomberg. As políticas standard das seguradoras nos EUA cobrem vendo, mas não inundações, o problema que está a causar mais estragos e mais caro de reparar.

“A maioria das pessoas que vivem nessa região não tem seguro contra inundações”, acrescentou, chamando a atenção para uma questão que se já se verificou em situações anteriores semelhantes.

“Até podem conseguir alguns subsídios do governo, mas não muito, geralmente são muito limitados”, continuou Worters sobre as perdas das vítimas do furacão, em referência ao National Flood Insurance Program. No entanto, este programa público, que cobre custos associados a inundações, acumula já uma dívida de 25 mil milhões de dólares e expira a 30 de setembro, estando uma discussão sobre a revisão agendada para dia 5, no Congresso.

Os primeiros custos já se estão a fazer sentir, com as ações das seguradoras norte-americanas entre as maiores desvalorizações registadas esta segunda-feira no índice bolsista S&P 500. As duas principais empresas, a Travelers Cos. e a Progressive Corp. caíram 2,8% e 2,4%, respetivamente.

A principal dúvida, do lado das seguradoras, é o impacto que o furacão vai ter nos resultados deste trimestre, com os investidores a preparem-se para um cenário pouco animador. O Swiss Re Cat Bond Price Return Index, que avalia o risco transferido investidores em títulos de catástrofe, caiu 0,44% na semana que terminou a 25 de agosto.

O declínio foi o mais agressivo desde janeiro e o índice benchamark será reavaliado esta sexta-feira, o que dará mais indicações sobre o que os investidores esperam do fenómeno. Quanto ao furacão, deverá continuar até ao próximo domingo.

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