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Futura cidade de Lisboa terá o rio Tejo como polo central

Carlos Humberto de Carvalho, primeiro secretário da Área Metropolitana de Lisboa, defende ao Jornal Económico que vencer os desafios que se colocam passa por aproveitar a nova vaga de fundos comunitários que está prevista para os próximos meses.
23 Agosto 2020, 14h00

A cidade do futuro agregada à volta da capital deverá ter como palco aglutinador o rio Tejo. Para vencer os desafios que se avizinham, será fundamental aproveitar ao máximo a nova vaga prevista de fundos comunitários tendo como prioridades a infraestruturação digital, a edificação de redes integradas de energia, a construção de uma mobilidade urbana inteligente e a concretização de plataformas inovadoras de serviços. Esta é a opinião defendida por Carlos Humberto de Carvalho, primeiro secretário da Área Metropolitana de Lisboa (AML), em declarações exclusivas ao Jornal Económico.

“A construção de uma região-cidade é fundamental, não só para os municípios da Área Metropolitana de Lisboa, mas também para a afirmação da força do nosso país. Este território-chave, que terá o Tejo como grande praça central, será um território solidário e cooperante, coeso e forte, que afirme a sua importância nacional e internacionalmente”, prevê.

Para este responsável, “o aproveitamento dos fundos comunitários, na mesma lógica de concertação e cooperação intermunicipal, deverá também contribuir para a coesão territorial desta região, através de um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável, e para satisfação das necessidades mais prementes da população, combatendo todo o tipo de disparidades, desigualdades e discriminações que ainda subsistam”.

“Domínios como a infraestruturação digital, a edificação de redes integradas de energia, a construção de uma mobilidade urbana inteligente e a concretização de plataformas inovadoras de serviços serão áreas transversais prioritárias. Prioritárias serão também as questões ecológicas e as alterações climáticas, a preservação dos ecossistemas naturais e a valorização dos elementos patrimoniais e culturais”, assinala.

No entender de Carlos Humberto de Carvalho, o foco de ‘Lisboa, Cidade do Futuro’ passa por “pensar uma metrópole coesa, resiliente, justa e sustentável”. Mas este responsável admite que, “ainda que a ONU estime que, em 2050, dois terços da população mundial viverão em cidades, é do domínio da ficção fazer previsões do que será esta região daqui a 30, 40 ou 50 anos, ainda para mais estando nós a atravessar um contexto marcado por grandes incertezas”.

“Há, no entanto, por parte da Área Metropolitana de Lisboa um caminho que está a ser traçado, em múltiplos domínios, com um horizonte em vista, que visa a construção de uma região coesa, capaz de gerar sinergias colaborativas entre os territórios e as pessoas que os habitam”, assegura Carlos Humberto de Carvalho.

Recorrendo ao poeta António Gedeão – “o sonho comanda a vida” –, o primeiro secretário da AML assinala que, “mais do que um mundo marcado por enormes evoluções tecnológicas, queremos que esta nossa região-cidade seja desenhada à medida das pessoas”. “Que seja uma região em que todos, sem exceção, possamos viver livremente, dignamente, harmoniosamente”, insiste.

“Esse é o nosso sonho. Construído, também, com uma mobilidade urbana, que será tão importante no futuro, como já o é no presente. Com uma rede de transportes multimodais completa e eficiente, com novos meios suaves de mobilidade, com serviços partilhados, com preocupações ecológicas, com constantes avanços tecnológicos, numa lógica de grande flexibilidade. Mas sempre com as pessoas no centro das preocupações”, acentua.

 

Prioridade ao multimodal
Para este responsável da AML, “será provavelmente um tempo em que nos vamos movimentar mais rapidamente, mas também com maior segurança, de uma forma mais ecológica e saudável”.

“Teremos energias limpas, grandes interfaces multimodais e transportes adequados a uma procura, que será também ela cada vez mais diversificada”, antevê Carlos Humberto de Carvalho, acrescentando que “as fronteiras geográficas serão cada vez mais esbatidas e os territórios trabalharão numa lógica de cooperação, com a construção de infraestruturas intermunicipais de grande dimensão, que contemplem transportes aquáticos, terrestres e aéreos”.
Carlos Humberto de Carvalho entende que “a nossa força virá da interação municipal, da capacidade de transformarmos vulnerabilidades em forças, assimetrias em coesão”, pelo que “o presente e o futuro terão, pois, de ser moldados por uma visão comum de progresso e de complementaridade”.

“Só com um pensamento verdadeiramente metropolitano, que apoie o crescimento económico, a competitividade territorial, a criação de emprego com qualidade, uma educação para todos, e cada vez mais voltada para a formação integral dos seres humanos, uma cultura de integração, diversificada e solidária, o desenvolvimento sustentável, os processos de inovação e a proteção do ambiente, construiremos uma região dinâmica, coesa, resiliente, justa e sustentável”, assume.

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