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George Soros pede aos países frugais que garantam emissão perpétua de dívida a Itália

No entanto, Soros acredita que essa opção é atualmente uma quimera, já que não há acordo na Europa em questões muito mais simples. A emissão conjunta de bónus perpétuos abriria outra frente no heterogêneo continente.
3 Dezembro 2020, 14h40

A Itália parece ter como aliado o famoso investidor e filantropo George Soros, um dos principais apoiantes da emissão perpétua de dívida como solução para a crise que atravessa a Europa. A ideia de Soros era que esses títulos fossem emitidos por Bruxelas para financiar gastos públicos em países europeus sem aumentar os níveis de dívida pública, que em alguns países estão a atingir níveis preocupantes, segundo o “El Economista”.

Riccardo Fraccaro, subsecretário do gabinete do governo italiano, assessor mais próximo de Giuseppe Conte, pediu ao Banco Central Europeu (BCE) que considerasse o cancelamento da dívida pública que está a comprar durante a crise para ajudar as nações a amortecer o golpe económico. Entre as opções, ele propôs a troca de títulos italianos com vencimentos diversos por títulos perpétuos, ou seja, nunca expiram.

No entanto, Soros acredita que essa opção é atualmente uma quimera, já que não há acordo na Europa em questões muito mais simples. A emissão conjunta de bónus perpétuos abriria outra frente no heterogêneo continente.

Soros explica num artigo publicado no Project Syndicate que os títulos perpétuos têm a grande vantagem de não ser necessário devolver o principal – apenas os juros anuais são pagos. “O valor presente líquido dos pagamentos de juros futuros diminui com o tempo, aproximando-se (sem nunca chegar) do zero. Um determinado montante de recursos financeiros (por exemplo, os 1,8 mil milhões de euros que estão previstos) verá o seu efeito multiplicar se, em vez de títulos ordinários, for usado para emitir títulos perpétuos. Isso resolveria em grande parte os problemas financeiros da Europa”.

O facto de um país emitir bónus perpétuos terá a vantagem adicional de que outros países europeus podem vir a considerá-lo um exemplo que vale a pena seguir. “Em particular, os laços perpétuos devem ser muito atraentes para os ‘cinco frugais’ – afinal, eles são económicos”, acrescenta Soros.

Os cinco frugais são Países Baixos, Áustria, Dinamarca, Suécia e Finlândia. Destes países, apenas os Países Baixos, Áustria e Finlândia fazem parte da zona euro. No entanto, tudo indica que os grandes planos de despesas continuarão a ser executados a nível da União Europeia, pelo que é importante contar também com os outros países. O problema é que os países que poderiam emitir dívida perpétua a taxas muito baixas não são os que mais precisam dela.

O investidor húngaro acredita que “seria um maravilhoso gesto de solidariedade se os países que colocam os seus próprios títulos perpétuos também agissem como fiadores de uma emissão italiana. Isso fortalecerá a UE e, portanto, irá beneficiá-los indiretamente. Poderá chegar o momento em que, talvez, a UE seja forte o suficiente para emitir os seus próprios títulos perpétuos. E esse é um objetivo que vale a pena perseguir”, diz o famoso investidor.

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