A gestão de talento tem os seus problemas. A experiência diz-nos que é cada vez mais difícil captar e reter bons colaboradores, mas sobretudo mantê-los motivados e envolvidos com a organização.

A verdade é que o mercado laboral, que vai sendo dominado por uma nova geração de trabalhadores – os millennials –, está cada vez mais volátil, o que faz com que o aumento da rotatividade e os casos de turn over sejam também mais comuns. Assim sendo, e dado que esta nova fação de trabalhadores é comprovadamente menos leal aos seus empregos do que as gerações antecessoras, é compreensível que organizações façam da sua prioridade a aposta na atração e retenção de talentos.

Pois bem, a complexidade dos tempos exige que as organizações sejam extremamente interessantes aos olhos dos candidatos. A proposta de valor de cada empresa deve ser vibrante e apelativa, gerar interesse e explorar os seus pontos fortes, isto é, deve ter a capacidade de “vender” a sua mais-valia da forma mais eficaz, de maneira a cativar os melhores colaboradores no mercado.

Enfim, o resultado de tudo isto nada mais é do que um incentivo à competição (saudável, claro) entre as organizações que lutam diariamente pelos high performers. A disputa é aguerrida, ainda que diplomática. Ainda assim, acaba por não responder à questão essencial, ou seja, porque é que os talentos não permanecem nas empresas, se estas se esforçam tanto para os “agarrar”?

Ora, os motivos que potenciam fenómenos como o turn over ou a rotatividade são de naturezas distintas, mas o que é certo é que a nova geração de trabalhadores, a chamada geração Y, tem contribuído para o aumento da ocorrência de ambos. A resposta para esta pergunta deverá estar relacionada com o perfil destes jovens talentos, assumidamente mais descomprometido e independente, e caracterizado pela procura constante por mais do que apenas um emprego, mas sim pela plenitude, o equilíbrio perfeito entre a vida pessoal e profissional.

Os millennials privilegiam o idealismo ao pragmatismo, para além de valorizarem a progressão na carreira, assim como a relevância do seu próprio papel nas organizações. Creio que podemos afirmar, sem reservas, que este é dos motivos pelos quais esta nova geração é um dos grandes desafios da gestão de talentos, ainda que seja neles que está o futuro do mundo laboral, a oportunidade de revolucionar o modo de funcionamento das estruturas e de explorar novos trilhos e novas ideias.

Vivemos na era dos talentos, e as empresas podem escolher seguir vários caminhos no que diz respeito à valorização dos seus colaboradores, seja através de promoções ou recompensas, oportunidades de crescimento, investimento na sua formação ou até através da atribuição de um papel mais ativo na tomada de decisões… Seja como for, é sua obrigação contribuir para o bem-estar dos colaboradores, independentemente da força da pegada geracional, sempre e apenas com um objetivo principal em vista: a estabilidade e o sucesso da organização.