Google permite aferir se o confinamento planetário está ou não a funcionar

Os dados de localização de milhões de telefones de utilizadores da Google é o maior conjunto de dados públicos disponível para ajudar as autoridades de saúde a avaliarem se a população está a cumprir com as decisões dos diversos governos, tanto em termos de confinamento como de deslocações.

A Alphabet, dona da Google, divulgou relatórios para 131 países com gráficos que comparam o tráfego de 16 de fevereiro a 29 de março, com locais de veraneio e recreação, estações de comboio e autocarro, supermercados e locais de trabalho.

A empresa disse que publicou os relatórios para evitar qualquer confusão pública sobre que tipo de dados está a fornecer às autoridades – antecipando um debate inevitável sobre três variáveis nunca antes juntas: o rastreio de localizações, a invasão de privacidade e a necessidade de evitar novos surtos da pandemia.

Os dados permitem por exemplo aferir que em Itália e Espanha, dois dos países mais atingidos, locais de lazer como restaurantes e cinemas foram abandonados por 94% dos utentes, mas que em França e no Reino Unido a quebra foi de pouco mais de 80%. Nos Estados Unidos, onde a resposta do Estado esteve longe de ser homogénea, e na Austrália, onde o bom clima levou muitas pessoas a rumar à praia, a queda foi de menos de 50%. No Japão e na Suécia, onde as autoridades não impuseram restrições severas, as visitas aos locais de lazer caíram cerca de apenas 25%

Nos Estados Unidos, o país onde há mais infetados, as conclusões são díspares. A Califórnia, que foi o primeiro Estado com um bloqueio estadual, cortou para metade e abruptamente as visitas de lazer, enquanto no Estado de Nova Iorque, a queda foi gradual, pois as autoridades não impuseram de imediato restrições rígidas.