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GoParity quer avançar com projetos sustentáveis de energia de 1,5 milhões

Empresa assume-se como a primeira plataforma nacional de investimentos sustentáveis na área da energia.
  • Ivan Alvarado/Reuters
26 Outubro 2017, 07h00

Ainda poucos a conhecem, mas a GoParity está a trabalhar no terreno. Assume-se como a primeira plataforma de investimentos sustentáveis em Portugal na área da energia e disponibiliza campanhas de financiamento participativo para apoio de projetos que apostam na sustentabilidade. Em entrevista ao Jornal Económico, Nuno Brito Jorge, fundador e CEO, revela que o objetivo é triplicar a base de financiamento, assente no modelo de ‘crowdfunding’.

Como surgiu a GoParity?
A ideia surgiu em 2012 da vontade de abrir as oportunidades de investimento em projetos de energia solar a todos os cidadãos. Queria fazer um investimento em energia solar, não tinha capital suficiente e da ideia da partilha do investimento surgiu um modelo de negócio. Numa época de crise em que se falava do “fosso” cada vez maior entre os muito ricos e o resto do mundo (e do desaparecimento da classe média), pareceu uma ótima forma de democratizar as boas oportunidades de investimento, ainda por cima com benefícios para o planeta. Nessa altura, perante a falta de enquadramento, criámos a Coopérnico em Portugal e o projeto Europeu Citizenergy.eu que acabou por ter como um dos resultados a criação da plataforma que lhe deu origem.

Quais são os accionistas da GoParity e o respectivo capital social?
A Power Parity Lda, entidade que gere a GoParity, é uma sociedade por quotas com capital social de 50 mil euros. Os acionistas atuais são cinco pequenos investidores privados, que se revêm neste modelo de negócio e com atividade profissional em diferentes áreas. Apenas dois dos sócios, eu e o Luís Couto (CFO), trabalhamos diariamente neste projeto. Contamos vir a fazer uma ronda de levantamento de capital no futuro. Já tivemos experiência com uma capital de risco mas não chegámos a acordo….

A GoParity atua apenas em Portugal ou tem operações a decorrer em mercados externos?
Atualmente os projetos apresentados na GoParity são apenas em Portugal mas no que respeita a investidores, para além dos nacionais, já conta com a Suécia, Suíça, Espanha, Angola, Reino Unido e China. Mantemos em aberto a possibilidade de vir a operar noutros países Europeus, possivelmente até em colaboração com congéneres nossas, pois temos um significativo conhecimento do enquadramento europeu e uma excelente rede de parceiros, mais uma vez, desenvolvida com o Citizenergy.

Como funciona o modelo de negócio da empresa?
A GoParity funciona de uma forma muito simples: através da nossa plataforma online, empresas e organizações que pretendem financiamento para os seus projetos de sustentabilidade oferecem oportunidades de investimento a cidadãos e empresas, que procurem diversificar as suas aplicações em projetos rentáveis e sustentáveis. Qualquer um, a partir de 50 euros, pode participar formalizando um empréstimo com as condições que forem propostas. Os promotores vêm os seus projetos financiados, sem a necessidade de investir 100% com capital próprio e com a possibilidade de envolver a sua comunidade e divulgar as suas atividades.

Quais são (serão) os parceiros preferenciais da GoParity?
Além de empresas e outras organizações que queiram ser mais sustentáveis e que reconheçam o valor do envolvimento dos cidadãos na (sua) transição, acreditamos que um tipo de parceiro muito importante serão as empresas de serviços, por exemplo as chamadas ESE e instaladores de energia solar ou empresas de serviços ambientais. Com a nossa plataforma passam a ter uma fonte alternativa de financiamento e para financiar os projetos dos seus clientes. Gostávamos também de conseguir trabalhar com o setor público, que tem um enorme potencial e pode ter muito a ganhar com este modelo que apresentamos. De resto, temos interesse em explorar sinergias com outros tipos de organizações especializadas em investimento ‘verde’, organizações empresariais ou setoriais e até outras ‘startups’ portuguesas. Portugal está com uma dinâmica muito forte no empreendedorismo e podíamos fazer muita coisa acontecer colaborando um pouco mais.

Quais os objectivos da GoParity até ao final do presente ano e para os próximos exercícios?
O nosso objetivo de curto prazo é o de aumentar o número e montante total de projetos apoiados, bem como a nossa base de utilizadores. No entanto temos uma forte vocação para continuar a inovar a e plataforma é hoje em dia uma pequena amostra daquilo que queremos que ela venha a ser. Até ao final deste ano queremos aproveitar ao máximo a nossa participação no acelerador Climate KIC e esperamos apresentar dois a três projetos e chegar a um valor global de cerca de meio milhão de euros em projetos. Para 2018, o objetivo é quase triplicar esse valor.

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