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Governador do Banco Nacional de Angola prevê fusões na banca

“Alguns bancos mostraram-se com dificuldades para fazer esse acompanhamento, mas o que é certo é que, à medida que nos aproximámos da data, temos estado a notar que uma larga maioria dos bancos vai cumprir, senão todos”, disse, em entrevista, José de Lima Massano.
15 Novembro 2018, 15h19

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) espera um cenário de fusões e aquisições no sistema, em consequência da imposição de medidas de adequação do capital mínimo e dos fundos próprios regulamentares das instituições financeiras bancárias ordenada em Março, para ficar concluída até 31 de dezembro.

As expectativas de José de Lima Massano representam uma evolução em relação a declarações em outubro noticiadas de Londres, nas quais se afirmava ser esperado o encerramento de bancos, mercê das dificuldades que certos operadores enfrentam para adequarem o capital. O governador revelou ontem ao Jornal de Angola que, à medida que se aproxima a data limite para a cumprimento do aviso em que a adequação do capital é orientada, tem-se notado a probabilidade de todos os operadores virem e elevar o capital social nos termos determinados pelo BNA, apesar das dificuldades que se sabe que enfrentam para observar a medida.

“Alguns bancos mostraram-se com dificuldades para fazer esse acompanhamento, mas o que é certo é que, à medida que nos aproximámos da data, temos estado a notar que uma larga maioria dos bancos vai cumprir, senão todos”, previu o governador.

José de Lima Massano citou mesmo dados que, até ontem, apontavam que “todos os bancos vão fazer esse acompanhamento” e que “não deveremos ter bancos a deixarem de estar em actividade por força deste ajustamento.”

A questão que se coloca é que, uma vez que o quadro regulamentar imposto pelo BNA “é cada vez mais exigente”, com o banco central a emanar novas medidas de rigor, pode haver bancos sem condições para acompanhar o exercício de adequação ou de, ao observarem essas normas, tornarem as suas operações menos interessantes, por terem perdido dimensão.

“Isso pode levar também a que alguns bancos juntem forças”, uma alusão a um processo de fusões e aquisições, sendo essa a recomendação que o BNA tem estado a dar aos operadores, mais do que a declarar “vamos fechar bancos”, disse.

“Veremos bancos a juntar forças para se tornarem mais capazes para enfrentar estes novos desafios, porque vamos continuar a ser exigentes”, alertou o governador do BNA.

Lembrou que, no princípio do ano, o BNA publicou novas normas de ajustamento de capitais e indicou o 31 de Dezembro deste ano como data limite, no quadro da sua decisão de edificar “um sistema financeiro mais forte, mais resiliente.” Isso é uma referência a um aviso de março, com o qual o BNA elevou de 2,5 para 7,5 mil milhões de kwanzas, três vezes mais, o capital mínimo para a adequação do capital mínimo e aos fundos próprios regulamentares das instituições financeiras bancárias.

Meses depois, em Junho, o BNA avançou com “medidas de saneamento” do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC), dada a “indisponibilidade” dos accionistas para realizarem o obrigatório aumento de capital, nomeando administradores provisórios. Nessa mesma entrevista, o governador do BNA admitiu a prevalência de uma certa pressão sobre a procura por dólares no mercado informal, como efeito das operações “Transparência” e “Resgate” desencadeadas pelas autoridades policiais.

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