[weglot_switcher]

Governança e interoperabilidade são os maiores desafios das clouds empresariais

Apesar das vantagens claras associadas a estas tecnologias, os desafios são ainda muitos, como salientaram os intervenientes da Executive Round Table da EVONIC, VMware e JE.
27 Novembro 2020, 18h00

Apesar das vantagens claras que traz a utilização de soluções cloud nos mais diversos sectores, as preocupações com esta tecnologia são ainda algumas, nomeadamente em termos de governança e gestão de custos, bem como do aprisionamento tecnológico que estas plataformas conferem.

Estas foram algumas das preocupações manifestadas na Executive Round Table desta quinta-feira, dia 26 de novembro, realizada numa parceria entre o Jornal Económico, a EVONIC e a VMware sobre o tema.

Apesar da gestão de custos ser também um dos motores da migração para tecnologias de cloud, pela possibilidade que oferece de reunir mais e melhor informação em tempo real, a descentralização de processos a que costuma levar obriga a uma adequada governança interna.

“Uma migração para cloud descentraliza-se muito do tema das TI, as decisões são muito descentralizadas e é importante haver governança clara em termos de segurança, saber o terreno em que nos movemos”, realça Ferrari Careto, Digital Officer da EDP.

“Na realidade, os serviços cloud, sobretudo nos níveis SaaS (software as a service), fomentam o descontrolo, o desgoverno e algum caos a pretexto da inovação e da flexibilidade” argumenta Rui Rodrigues, referindo-se à dificuldade que consiste ter uma noção atualizada e realista dos custos agregados da organização como um todo.

Outro factor que influencia a gestão de custos associados a esta tecnologia é a contabilização das despesas a que obriga. Salientando o “impacto fiscal diferente” destes gastos enquanto investimento (CAPEX) ou despesas operacionais (OPEX), Ferrari Careto é  da opinião que a  estratégia contabilística usada influenciará fortemente o impacto da cloud na organização, “especialmente aquelas que dependem muito do EBITDA”.

Também Carlos Moura, CIO do Banco de Portugal, salienta que qualquer processo de migração envolve uma cuidada análise de custos, que terá de englobar uma avaliação de riscos forte e capaz. Desta forma, “a organização sabe a cada momento que o seu negócio, do ponto de vista organizacional, está dentro dos limites do risco aceitáveis”, explica.

Por outro lado, o uso destas tecnologias acarreta um perigo de ‘lock-in’, ou aprisionamento tecnológico, considerável. Ao fazerem uso de diferentes plataformas com características distintas, as empresas necessitam, por um lado, de uma forte capacidade de operar transversalmente, otimizando o seu uso a cada parte diferente do negócio, ao mesmo tempo que devem assegurar uma estratégia de saída para evitar uma sobredependência de um determinado fornecedor de serviços.

“O nosso novo grande desafio é perceber como criamos a agilidade para usar estas ferramentas e como movemos estes ‘workloads’ perante os vários ecossistemas para tirar vantagem”, explica Paulo Martins, diretor de TI do SL Benfica, para quem, pela natureza da instituição que representa, presente nas mais diversas áreas, esta capacidade de interoperabilidade é ainda mais importante. “É esse o grande desafio agora”, resume.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.