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Governo admite recorrer a hospitais privados para realizar cirurgias adiadas pela greve dos enfermeiros

Marta Temido realçou a tentativa do Governo para que algumas destas cirurgias possam realizar-se nos hospitais onde decorre a paralisação, que já adiou cerca de 5 mil operações programadas.
11 Dezembro 2018, 15h28

A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu hoje recorrer aos hospitais privados para realizar algumas cirurgias adiadas devido à greve dos enfermeiros caso o Serviço Nacional de Saúde não consiga responder a todas as situações.

“Continuamos a trabalhar no sentido de que todas as cirurgias que neste momento não estão a ser realizadas possam ser reagendadas no mais curto prazo possível e continuamos a trabalhar com os conselhos de administração no sentido de encontrar soluções para que, ainda dentro do período da greve, algumas das cirurgias que não correspondem ao padrão de serviços mínimos” possam ser realizadas, disse Marta Temido aos jornalistas, à margem da sessão de encerramento das comemorações dos 20 anos da Ordem dos Médicos Dentistas.

Segundo Marta Temido, está a tentar-se que algumas destas cirurgias possam realizar-se nos hospitais onde decorre a paralisação, que já adiou cerca de 5.000 operações programadas.

“Temos tido alguma colaboração dos piquetes de greve no sentido do alargamento de salas para alguns casos específicos ou para que essas cirurgias possam ser realizadas noutros hospitais, preferencialmente do Serviço Nacional de Saúde”, mas “se for necessário também com hospitais privados”, adiantou.

A ministra defendeu que este tipo de movimento que visa “a defesa de reivindicações dos trabalhadores não pode dar azo a algo” relativamente ao qual todos têm “algumas reservas, que é a questão de reforçar o setor privado em detrimento de uma fragilidade aparente criada do serviço público”.

“É muito importante que se refira que o Serviço Nacional de Saúde realiza anualmente perto de 600 mil cirurgias e que as cirurgias que estão neste momento a ser adiadas são cerca de 5.000. Portanto, pese embora a enorme preocupação com que olhamos este impacto na vida dos portugueses na sua saúde, ao qual estamos atentos, e que continuaremos a trabalhar para contornar, esta greve tem a dimensão que tem”, salientou

Marta Temido salientou ainda que, “felizmente”, o SNS “tem capacidade de continuar a fazer outras coisas muito importante e muito positivas”.

“O Serviço Nacional de Saúde não é a imagem que às vezes se lhe pretende colar de serviço onde as pessoas não estão protegidas, as pessoas estão protegidas”, assegurou, realçando que as ordens profissionais têm um “papel fundamental” nesta matéria.

As greves que afetam o SNS têm um aspeto relevante de reivindicação dos profissionais, que o Governo tenta “acompanhar na medida” das suas “possibilidades como país”, mas têm também “um outro lado, um lado de fragilização dos serviços públicos”.

Questionada sobre se essa fragilidade é criada pelos enfermeiros em greve, a ministra disse não acreditar que isso seja feito deliberadamente.

“Todos temos a perceção de que quando tomamos determinados atos ou determinadas atitudes não são só os nossos atos que contam. É também a imagem que fica aos olhos da opinião pública em geral”, frisou.

Marra Temido disse estar “bastante preocupada” com as condições de trabalho dos cerca de 130 mil profissionais que trabalham no SNS, mas confessou ainda estar “mais preocupada com os 10 milhões de portugueses que a ele precisam de recorrer diariamente”.

“Na escolha entre os dois, escolheremos sempre os portugueses”, comentou.

Sobre as áreas que mais preocupantes em termos de cirurgias adiadas, apontou a cirurgia vascular, a pediatria, as urgências diferidas de doentes com fraturas na área da ortopedia, mas ressalvou que não é possível fazer uma lista de prioridades, porque a preocupação são todos os doentes que estão a ser afetados por esta greve.

A ‘greve cirúrgica’ dos enfermeiros, que termina em 31 de dezembro, está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.

A paralisação foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal.

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