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Governo cabo-verdiano negoceia com privados para viabilizar Cabo Verde Airlines

O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, afirma que a CVA, privatizada em 51% em março de 2019, é uma “empresa nacional” com “grande impacto na economia cabo-verdiana”.
2 Julho 2020, 16h30

O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirmou esta quinta-feira que o Governo está a tentar um “processo negocial” para viabilizar o futuro da Cabo Verde Airlines (CVA), liderada por investidores islandeses e totalmente parada desde março.

Numa mensagem divulgada ao início da tarde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, afirma que a CVA, privatizada em 51% em março de 2019, é uma “empresa nacional” com “grande impacto na economia cabo-verdiana”.

“Nós estamos a fazer tudo para criarmos um novo contexto para que a empresa continue a operar, pelo que não faz sentido nós estarmos a criar notícias que visam apenas danificar a imagem da empresa e danificar a imagem de Cabo Verde”, afirmou o governante, mas sem avançar as opções em cima da mesa.

Antes da crise provocada pela pandemia de covid-19, a administração da CVA já tinha apontado que a companhia necessitava com urgência de um empréstimo de longo prazo para garantir a sua operacionalidade. Entretanto, o Governo cabo-verdiano suspendeu em 19 de março todas as ligações aéreas internacionais, que só deverão ser retomadas em agosto, pelo que a companhia está parada há mais de três meses e meio.

“A CVA, como todas as empresas do mundo que estão no setor da aviação, estão em dificuldades e com dificuldades, não só agora, mas também em relação ao futuro. Pelo que, há um grande comprometimento do Governo de Cabo Verde para que, juntamente com o parceiro estratégico, possamos encontrar uma solução para a transportadora de bandeira nacional”, defendeu.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

“Estamos comprometidos e engajados em viabilizar esta solução”, acrescentou, na mensagem de hoje, Olavo Correia, garantindo que é necessário “encontrar um caminho comum, defendendo as posições das partes” até chegar “a um compromisso”.

“O que é o mais normal e habitual num processo negocial, em qualquer parte do mundo”, sustentou, depois de anteriormente já ter afastado um cenário de nacionalização da companhia.

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido à situação da companhia, afetada pela pandemia.

“Estamos a procurar, acima de tudo, defender o interesse de Cabo Verde e dos cabo-verdianos. Sendo sérios para podermos colocar sobre a mesa todo um processo de renegociação dos pressupostos que foram estabelecidos antes da covid-19. E procurar criar aqui um compromisso para que a nossa companhia de bandeira continue a voar nos céus de Cabo Verde e nos céus do mundo”, rematou Olavo Correia.

A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização (01 de março de 2019 a 28 de fevereiro de 2020) de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados fornecidos em maio à Lusa pela empresa.

Cabo Verde regista um acumulado de 1.301 casos de covid-19 desde 19 de março, com 15 óbitos, mas 629 já foram dados como recuperados.

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