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Governo pede para empresas isolarem casos para evitar terem de fechar

Duarte Cordeiro, afirmou preocupação com o surto de covid-19 numa empresa da Azambuja e salientou que na próxima segunda-feira decorrerá uma reunião de várias entidades com as empresas da Plataforma Logística da Azambuja.
8 Maio 2020, 18h47

As empresas têm todas as vantagens em colaborar com as autoridades de saúde quando detetam casos de covid-19, para evitarem terem de fechar, caso o surto se dissemine, alertou hoje o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Em entrevista à agência Lusa, Duarte Cordeiro, membro do Governo que faz a ligação entre autarquias, entidades de saúde, da segurança social e proteção civil na área de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), afirmou preocupação com o surto de covid-19 numa empresa da Azambuja e salientou que na próxima segunda-feira decorrerá uma reunião de várias entidades com as empresas da Plataforma Logística da Azambuja.

O objetivo é “passar uma mensagem de prevenção”, alertar para a atenção que deve ser dada a fatores como os aglomerados de trabalhadores, à proteção individual, aconselhar que os sintomas da doença não sejam desvalorizados e demonstrar que as autoridades de saúde pública estão disponíveis para apoiar.

“Uma empresa, se detetar um caso e se o isolar, vai preservar muito mais a sua capacidade de trabalho. Se o ignorar e ele começar a ganhar dimensão, depois, quando o for identificar, já representa uma percentagem muito maior dos seus trabalhadores”, disse.

“Se as empresas quiserem realmente ajudar-se no que respeita à preservação da sua atividade, vão querer ter estes cuidados, vão querer separar os trabalhadores por turnos e querer preservar esta situação (…) Uma empresa que não perceba isso arrisca-se a parar durante 15 dias. Isso sim. É um prejuízo enorme”, acrescentou.

A empresa Avipronto, na Azambuja, começou por detetar a infeção por covid-19 em cerca de 30 funcionários, mas a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, adiantou que, até hoje de manhã, foram identificados 101 trabalhadores com resultado positivo na empresa, que já testou todos os funcionários.

A Avipronto, que entretanto encerrou, está a cumprir um conjunto de regras e recomendações das autoridades de saúde para poder reabrir.

“É normal que, com a abertura, a taxa de contágio aumente, mas, simultaneamente, temos de controlar e identificar todas essas situações”, salientou Duarte Cordeiro.

O responsável sublinhou ainda que nesta primeira semana de abertura tem havido maior pressão nos transportes públicos e defendeu que “tem que haver uma enorme responsabilização da parte das empresas no cumprimento dos critérios de lotação nos serviços públicos”.

“A informação que nós temos é que as pessoas estão a cumprir, utilizando as máscaras nos transportes públicos. Nem sempre a lotação é cumprida. E essa parte é muito importante que seja cumprida. Não só as empresas procurar garantir que não é ultrapassada essa lotação, como as próprias pessoas, se veem que um autocarro vai sensivelmente já com uma lotação que corresponde àquilo que está definido como a lotação nos transportes, não devem forçar” a entrada, afirmou.

Neste novo contexto, “tem também de haver uma compreensão por parte das empresas, para que não penalizem os trabalhadores se tiverem algum atraso” que “possa significar esperar pelo transporte público seguinte”.

“E temos também de pressionar as empresas de transportes públicos para tentarem cumprir os horários, para que possamos todos retomar a nossa normalidade. A existência de vários horários durante a manhã é muito importante para que possamos todos voltar ao trabalho sem uma grande pressão”, acrescentou.

Portugal regista 1.114 mortes relacionadas com a covid-19 e 27.268 infetados, 7.093 deles na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.

De acordo com a diretora-geral, Graça Freitas, estes resultados podem dever-se à testagem elevada realizada nesta região, que permite que sejam detetados mais casos.

A responsável destacou ainda a existência na região de surtos como o da Azambuja.

Fazem parte da região de LVT os municípios da Área Metropolitana de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal) e das comunidades intermunicipais da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste.

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