[weglot_switcher]

Governo vai reverter situações “que promovam o recurso a produtos descartáveis” sem necessidade

Face ao aumento do uso de materiais descartáveis à base de plástico, o Ministério do Ambiente esclarece ao Jornal Económico que vai reavaliar os guias de retoma à atividade de alguns setores e manifesta “preocupação pela procura crescente de produtos descartáveis, que pode no futuro vir a converter-se numa questão de saúde pública e ambiental”.
3 Julho 2020, 13h01

A pandemia da Covid-19 veio abrir alas para o regresso dos plásticos no consumo diário. Restaurantes, cabeleireiros, supermercados, ginásios e outros pontos de comércio foram obrigados a recorrer a medidas de proteção à base deste material o que pode fazer explodiro a produção de artigos fabricados com plástico, entre os quais máscaras cirúrgicas, luvas e sacos para as vítimas mortais, numa altura em que se enfreta a luta contra os plásticos

Face a esta crescente dependência, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) admite ver com alguma “preocupação” o modo como alguns setores económicos retomaram a sua atividade, não obstante os argumentos de saúde pública imporem precaução devido à pandemia do novo coronavírus.

Ao Jornal Económico (JE), este órgão do Governo revela que está a acompanhar “preocupação a procura crescente de produtos descartáveis, que pode no futuro vir a converter-se numa questão de saúde pública e ambiental”.

Questionado sobre se irão ser tomadas medidas para gerir este uso nos pontos de comércio, o MAAC garante ao JE que as áreas governativas do ambiente e da economia, nomeadamente a Agência Portuguesa do Ambiente, estão a trabalhar em conjunto com o Governo com vista a reavaliar os guias de retoma à atividade de alguns setores. O objetivo passa por “reverter algumas das situações que promovam, sem necessidade, o recurso a produtos descartáveis” mas que cumpram à mesma “os critérios sanitários exigidos”e.

O MAAC considera que a pandemia da Covid-19 poderá “constituir-se como uma oportunidade para a indústria do plástico se reinventar, não uma oportunidade para regressar ao passado”, garantindo que está empenhado em  desmistificar a necessidade de recorrer a produtos descartáveis” para evitar a propagação do vírus defendendo que a principal prática que promoveu, desde o início, “a da higienização”.

“A pandemia determinou, sem dúvida, que mais produtos descartáveis, de plástico e de outros materiais fossem utilizados, não significando que esta realidade coloque em risco o que se pretende alcançar com a politica dos plásticos (as máscaras, luvas e batas não se enquadram nos produtos abrangidos pela Diretiva 2019/904, de 5 de junho, relativa à redução do impacte de certos produtos de plástico no ambiente), na medida em que se pretende dar continuidade ao que já estava estabelecido no programa de governo”, respondeu o MAAC ao JE.

Para além da forte dependência ao plástico, o Ministério do Ambiente tem vindo a chamar a atenção para a necessidade de informar o público sobre a correta eliminação de máscaras e luvas descartáveis e por isso recomenda “que as máscaras sociais sejam sobretudo reutilizáveis”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.