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Grandes bancos europeus conseguem gerir impacto da crise da lira turca

A agência de notação financeira DBRS alertou hoje para o impacto negativo da crise da lira turca nos bancos europeus que operam na Turquia, prevendo quebra nos lucros e desvalorização dos ativos.
21 Agosto 2018, 14h32

Alguns bancos europeus com exposição à Turquia enfrentam algum impacto com a atual crise da lira turca, defendeu hoje a DBRS na sua análise.

Recorde-se que a moeda da Turquia sofreu na semana passada uma queda abrupta, em grande parte devido às preocupações com a influência do presidente Tayyip Erdogan sobre a economia, às suas repetidas solicitações por taxas de juros mais baixas e ao agravamento dos laços com os Estados Unidos. Os investidores e os analistas defendem que o Banco Central aumente as taxas de juros para defender a lira e controlar a inflação (que em julho alcançou a 16% em ritmo anual), enquanto o governo tem se mostrado contrário ao movimento. A Turquia é um país fraco economicamente devido à sua grande dívida externa e déficit. A dívida turca também tem sido penalizada e a yield a 10 anos já chegou a superar os 20%. Por último a machadada final foi dada quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que ia impor tarifas aduaneiros de 20% à importação de alumínio da Turquia e de 50% ao aço.

A crise da moeda turca afecta a banca que está exposta aquele mercado.

Os bancos mais expostos à Turquia através de suas subsidiárias ou investimentos de capital são o BBVA, o UniCredit, o BNPP, o ING e o HSBC.

“O impacto de capital para esses bancos parece gerível com base no cenário simplificado de stress da DBRS”, diz a agência de rating canadiana.

No entanto, a DBRS espera um impacto negativo na rentabilidade e alguma deterioração na qualidade dos ativos para alguns desses bancos.

As principais conclusões da DBRS na sua análise ao impacto da crise da lira turca no balanço dos bancos são as seguintes:
Pode haver um impacto negativo na conta de resultados dos bancos devido a lucros mais baixos nas subsidiárias locais, bem como nas suas carteiras de títulos do governo turco, para além das perdas fruto dos efeitos cambiais. Além disso, diz a DBRS, “é possível que estes cinco bancos europeus tenham de fornecer financiamento às suas subsidiárias turcas, caso estas não consigam cumprir os seus compromissos devido à desvalorização daquela moeda.  Isto é devido à alta exposição das cinco subsidiárias turcas a empréstimos em moeda estrangeira”, diz a agência.

A DBRS espera que o perfil de qualidade de ativos nas subsidiárias locais dos bancos se agrave no curto prazo, dado o declínio significativo da Lira Turca e da deterioração das condições económicas. No entanto, a DBRS considera que o impacto geral é gerível, tendo em vista os modelos e estratégias de negócios diversificados dos bancos para os seus mercados emergentes.

A DBRS continuará a monitorizar a situação caso a crise da Lira se espalhe a outros países emergentes onde os bancos europeus estejam presentes. E também caso se medidas governamentais de controles de capital forem colocadas em prática para mitigar a desvalorização da moeda.

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