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“Grandes indústrias francesas têm as nossas básculas”

Vencedor do Troféu PME diz que o reconhecimento do trabalho ocorre quando, em viagem a França, verifica que talhos, charcutarias e lojas gourmet têm as balanças comerciais da empresa.
19 Outubro 2019, 16h00

O reconhecimento da Balanças Marques acontece, diz Tiago Marques Pereira, “quando temos conhecimento que grandes indústrias francesas de renome mundial têm englobado no seu parque tecnológico as nossas básculas de pesar-camiões.

Paralelamente, obter o reconhecimento dos restantes parceiros, através de prémios como este, aliado a outros prémios que já recebemos este ano (fomos eleita uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal e fomos eleita a melhor empresa de pesagem do mundo por um site da especialidade), apenas nos dão força para continuar a trabalhar, para continuar a inovar e continuar a investir na qualidade dos nossos produtos e dos nossos recursos humanos, que são a principal âncora deste sucesso e que diariamente são confrontados com o principal lema da nossa empresa, que é: “Um Grupo, uma Família!”

Por outro lado ser uma PME “tem algumas vantagens mas também alguns inconvenientes”. Acrescenta: “Tem a vantagem de, quando concorremos com empresas de grande dimensão mundial como acontece no mercado francês, conseguimos ter uma proximidade aos clientes e uma flexibilidade ao nível da produção que outras empresas de maior dimensão não conseguem ter, o que poderá ser decisivo em alguns negócios.

Contudo, e apesar de cada vez mais o mercado reconhecer os produtos Marques como equipamentos de grande qualidade e robustez, o peso da marca de concorrentes de grande dimensão ainda tem algum significado”.

O rótulo de PME abrange a esmagadora maioria das empresas em Portugal, sendo que dentro desta classificação existem empresas em vários estágios de desenvolvimento. Diz: “Há poucos anos eramos considerados uma pequena empresa e neste momento somos uma empresa de média dimensão. Tendo noção que ainda temos um longo caminho a percorrer para nos tornarmos numa grande empresa, consideramos que estamos a dar os passos certos e sustentados para podermos dar este salto no futuro”.

Por outro lado, frisa, “a customização dos produtos é algo muito apreciado pelos clientes. Apesar de acreditarmos que os nossos produtos vão ao encontro daquilo que são as necessidades genéricas dos nossos clientes, há sempre pequenas adaptações que podem ser feitas para satisfazer aos gostos específicos de cada um dos mercados, sendo esta flexibilidade uma das nossas mais-valias atuais. Temos um nível de proximidade aos mercados e de flexibilidade na produção que nos permite adaptar rapidamente os nossos produtos às exigências dos clientes. Por outro lado, temos noção que, com o crescimento da empresa e a crescente automatização das linhas de produção, esta flexibilidade é cada vez mais difícil de implementar mas tudo faremos para que esta característica não se perca dado que, no nosso entender, a customização de produtos e serviços será uma das tendências da indústria nos próximos anos”.

Questionado sobre o sentido de ser uma empresa global e inovadora, mesmo sendo pequena e o papel da empresa criada na China, reforça que o conceito de “empresa pequena” é “muito relativo. Se seguirmos a definição formal de PME existente em Portugal já não se poderá dizer que somos uma pequena empresa”. Acrescenta que a criação de uma empresa própria na China “tem sido fundamental para a nossa atividade dado que é uma porta de entrada para o mercado asiático, o qual é um mercado com uma enorme dimensão, com taxas de crescimento bastante atrativas e com uma classe média cada vez maior e com maior poder de compra. Todas as grandes marcas de equipamentos tecnológicos têm vindo a investir neste mercado, pelo que nós temos a obrigação de seguir esta tendência se queremos continuar competitivos num mercado cada vez mais global. Por outro lado, a presença física na China com uma empresa própria permite-nos ainda ter um contacto direto e permanente com alguns fornecedores e garantir que todos os requisitos de qualidade são estritamente cumpridos”.

 

Exportações no ADN
Atualmente, o volume de exportação representa cerca de 80% da faturação e tem sido esta a tendência nos últimos anos. “Sem dúvida que a vertente de exportação está presente no nosso ADN e neste momento, apesar de continuarmos a manter uma boa quota de mercado em Portugal, temos o nosso modelo de negócio muito assente num forte volume de exportação, pelo que este continuará a ser o nosso caminho nos próximos anos. Pretendemos reforçar a nossa posição em alguns países onde já temos uma presença sólida (sobretudo mercado europeu) e estamos a entrar também em novos mercados, com um bom nível de aceitação”. O gestor reflete sobre o eventual crescimento anémico da economia europeia e o impacto na estratégia externa da Balanças Marques. Diz: “Não tenho dúvidas que o abrandamento de uma economia tem sempre impacto na estratégia das empresas que nela operam. Contudo, se tivermos como base o trabalho que temos vindo a fazer nos últimos anos e a aceitação crescente dos nosso produtos por parte de clientes internacionais, acredito que conseguiremos mitigar os efeitos de uma possível contração do mercado com o aumento de quota e, por outro lado, já iniciamos uma estratégia de diversificação de mercados para países em crescimento, sobretudo na Ásia e América do Sul, que nos permitirão continuar a crescer nos mercados externos”. E sobre os próximos cinco anos de atividade diz que têm como principal objetivo “reforçar a posição como principal fabricante português de equipamentos de pesagem e conquistar uma posição de destaque entre os principais fabricantes europeus.

Atualmente, estamos a assistir a uma revolução tecnológica com a crescente automação industrial e a introdução da denominada “indústria 4.0”, a qual acreditamos que terá um impacto muito relevante na indústria como um todo e, mais especificamente, no mercado dos equipamentos de pesagem, tanto ao nível da sua fabricação como ao nível das funcionalidades básicas que serão exigidas às balanças.

Na Balanças Marques, acreditamos que estamos a lidar bem com este desafio e temos vindo a aproveitar as oportunidades que o mercado nos tem dado, pelo que nos próximos cinco anos iremos continuar a efetuar os investimentos necessários para nos mantermos na primeira linha da inovação.

Iremos também continuar a investir no nosso principal ativo, que é a qualidade dos nossos recursos humanos, criando as condições necessárias para podermos continuar a ser uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal”.

Questionado sobre o papel de “porta-aviões” da Balanças Marques para outras empresas portuguesas entrarem no mercado externo, diz que “o termo “porta-aviões” talvez seja demasiado forte para aquilo que representamos”. Acrescenta: “No entanto, acreditamos que o trabalho que temos vindo a fazer tem sido uma mais-valia para o bom-nome de Portugal e somos mais uma empresa que contribui diariamente para que o nosso país também seja reconhecido como um país exportador de tecnologia e produtos de qualidade”.

E para quem só agora se aventura fora do mercado doméstico em setores industriais não há recomendações generalistas. “Na minha opinião, cada caso é um caso e cada indústria tem as suas especificidades e os respetivos modelos de negócios que mais se adequam, pelo que não existe uma fórmula única de sucesso para ser uma empresa exportadora.

Em termos genéricos, eu diria que é fundamental fazer um bom planeamento, estudar bem cada um dos mercados e apenas avançar quando se sentir que se conhece muito bem a realidade local e quando se tiver a certeza que foram encontrados os parceiros certos. Quando me refiro a conhecer bem o mercado, tão importante como efetuar estudos teóricos com dados do mercado e análise da concorrência, é fundamental a realização de visitas regulares ao terreno e haver alguma integração cultural para se perceber a forma como os negócios são efetuados nesse país.”

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