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Grécia: Protestos em todo o país pela morte de imigrantes

As autoridades gregas são acusadas de pouco terem feito para resgatem os refugiados e imigrantes cujo barco acabou por naufragar, provocando pelo menos 78 mortos.
16 Junho 2023, 18h16

Milhares de pessoas manifestaram-se em diversas cidades gregas contra a forma como as autoridades gerem a chegada de imigrantes e refugiados ao país por via marítima, aproveitando também para confrontarem as políticas imigratórias da própria União Europeia. Os protestos surgem como resposta imediata a mais um trágico acidente com imigrantes na costa de Pulos, onde mais de 100 pessoas foram resgatadas de um barco que virou, mas onde pelo menos 78 pessoas perderam a vida.

As autoridades gregas foram criticadas por não agirem com determinação para resgatarem os imigrantes e refugiados sinistrados – prática que, segundo vários relatos, é recorrente. Uma embarcação da guarda costeira escoltou a traineira durante várias horas e estava ao largo quando a embarcação afundou em poucos minutos.

As autoridades gregas argumentaram que os passageiros recusaram repetidamente assistência e insistiram em continuar para a Itália. A embarcação parecia estar a navegar normalmente até pouco antes de afundar e recusou repetidas ofertas de resgate, disseram as autoridades gregas.

Mas os relatos de incúria por parte da Grécia sucedem-se, vindos nomeadamente da Turquia, que se tem queixado do pouco afã com que as autoridades gregas tratam de socorrer que refugiados que chegam à sua costa. Nada de muito diferente do que se passa na costa italiana, segundo relatos da Amnistia Internacional.

Ainda no caso grego, os jornais afirmam que a Alarm Phone, uma linha direta auto-organizada para refugiados e imigrantes em perigo no Mar Mediterrâneo, afirmou ter recebido repetidos pedidos de socorro da embarcação sinistrada durante o período em que navegou à vista do barco grego.

Esta quinta-feira, Alexis Tsipras, líder do principal partido da oposição, o Syriza, falou com a Comissária Europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, sobre a tragédia do naufrágio, segundo avança comunicado do partido. “Este incidente demonstra da forma mais clara o fracasso da União Europeia em promover uma política estruturada de migração de refugiados que coloque a vida humana como a primeira prioridade”, disse Tsipras, citado pelos jornais gregos, depois de visitar os sobreviventes em Kalamata.

O Supremo Tribunal grego nomeou um procurador-adjunto para supervisionar a investigação do incidente – numa altura em que, segundo as mesmas fontes, foram presos nove homens por suspeita de pertencerem à rede de contrabando que organizou a fatídica viagem. Segundo as próprias autoridades gregas, os cerca de 750 refugiados e imigrantes (entre eles pelo menos 40 crianças) que estavam na embarcação podem ter pago um total de três milhões de euros pela viagem para lado nenhum.


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