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Green Deal. Bruxelas quer preparar bloco europeu para “impactos inevitáveis” de alterações climáticas

A estratégia engloba três vertentes: tornar a adaptação ao aquecimento global mais inteligente”, “mais sistémica” e “mais rápida”. Segundo Timmermans, “embora a UE faça tudo o que está ao seu alcance para atenuar as alterações climáticas, tanto a nível interno como a nível internacional, devemos também preparar-nos para fazer face às suas consequências inevitáveis”.
24 Fevereiro 2021, 14h44

A Comissão Europeia (CE) adotou esta quarta-feira uma nova Estratégia da União Europeia (UE) para a adaptação às alterações climáticas, que traça a via a seguir para nos prepararmos para as consequências inevitáveis das alterações climáticas. “A nova estratégia abre caminho para se assumir uma maior resiliência”, lê-se no documento.

Baseando-se na Estratégia da UE para a adaptação às alterações climáticas de 2013, o objetivo das propostas apresentadas esta quarta-feira “é centrar-nos mais na elaboração de soluções do que na compreensão do problema, bem como passar do planeamento à execução concreta”, lê-se no comunicado divulgado esta tarde.

“Embora a UE faça tudo o que está ao seu alcance para atenuar as alterações climáticas, tanto a nível interno como a nível internacional, devemos também preparar-nos para fazer face às suas consequências inevitáveis”, acrescenta.

A estratégia hoje anunciada engloba três vertentes: tornar a adaptação ao aquecimento global “mais inteligente”, “mais sistémica” e “mais rápida”, defendeu o vice-presidente executivo, responsável pelo Pacto Ecológico Europeu, Frans Timmermans.

No que se refere a uma adaptação “mais inteligente”, a CE prevê uma maior recolha e partilha de dados de maneira a poder desenvolver “modelos mais precisos” sobre desastres naturais. O responsável anunciou que os dados permitirão que os agricultores “possam planear melhor as sementes que plantam”, que as famílias que compram casas “possam saber os riscos climáticos que podem enfrentar” e que as cidades saibam como “proteger os seus residentes de acontecimentos climáticos extremos”.

Nesta vertente, o Timmermans anunciou a criação de um Observatório Europeu para o Clima e a Saúde, que irá “analisar o impacto direto de acontecimentos quentes e frios extremos na propagação de novas doenças”.

No âmbito da adaptação “mais sistémica”, prevê-se um apoio maior ao “nível local”, através do fornecimento de “conselhos específicos” às “comunidades mais vulneráveis”, para que possam “encontrar o conhecimento para planear e os recursos para agir”.

“Também temos de considerar o impacto das alterações climáticas na política fiscal. Os acontecimentos climáticos extremos criam, em média, uma perda de 12 mil milhões de euros anuais na UE. Se não conseguirmos evitar um aumento de três graus na temperatura [até ao final do século], este valor pode subir até aos 170 mil milhões anuais”, informou o responsável.

A terceira vertente, de adaptação “mais rápida”, visa “criar ligações entre a “adaptação e a implementação”.

“Iremos trabalhar com o Banco Europeu de Investimento para aumentar o financiamento para a adaptação. Também iremos intensificar a nossa colaboração com o setor dos seguros: a diferença de proteção ao clima ainda é elevada e, muito frequentemente, o fardo dos desastres naturais recai em famílias e empresas sem seguro”, apontou o comissário.

Além da dimensão interna da estratégia, a UE prevê também ajudar os parceiros externos a adaptarem-se ao aquecimento global, prevendo “aumentar o financiamento internacional para construir a resiliência climática” e “fortalecer as trocas e a cooperação global”, de maneira a aprender com países que estão “nas fronteiras das alterações climáticas” e que têm “experiências valiosas que podem ajudar a Europa a tornar-se mais resiliente” perante o clima.

“Os impactos climáticos fora das nossas fronteiras irão afetar cada vez mais também a Europa. Há muito que podemos aprender de países como o Bangladesh, ou pequenas ilhas no Pacífico: para eles, a adaptação tem sido uma tarefa existencial há já algum tempo, e existencial no sentido mais literal da palavra”, sublinhou Timmermans.

A UE comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050, estando, no entanto, a decorrer as negociações entre a presidência portuguesa do Conselho da UE e o Parlamento Europeu (PE) sobre a Lei Europeia do Clima, que implementará na legislação europeia as metas climáticas.

No entanto, os dois parceiros encontram-se divididos nas metas a introduzir relativamente a 2030: enquanto que o Conselho da UE prevê um corte de 55% das emissões, o PE é mais ambicioso e pede que haja um decréscimo de 60% relativamente aos níveis de 1990.

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