[weglot_switcher]

Greta Thunberg: Fundo de Recuperação “fica aquém das necessidades climáticas e ambientais”

A jovem faze parte de uma longa lista de autores responsáveis por uma carta escrita aos líderes da União Europeia onde é exigido que sejam tomadas medidas eficazes para evitar consequências irreversíveis. Assinada por 80 mil pessoas, incluindo alguns dos mais importantes cientistas atualmente, a missiva pede que a emergência climática seja tratada com a mesma urgência que a Covid-19.
  • greve climática
21 Julho 2020, 16h01

A jovem ativista Greta Thunberg acusou os líderes europeus de não reconhecerem o suficiente a emergência climática e considerou que o Fundo de Recuperação Europeu, no valor de 750 mil milhões de euros, não é o suficiente para responder à crise ambiental.

“Continuam a negar e a ignorar o facto de estarmos perante uma emergência climática. A crise climática ainda não foi tratada efetivamente como uma crise”, afirmou a sueca ao jornal britânico “The Guardian”. “Enquanto não for tratada como uma crise, não vamos assistir às mudanças necessárias”.

Esta terça-feira, os membros do Conselho Europeu chegaram a um acordo para o Fundo de Recuperação Europeu, onde foi disponibilizado cerca de 30% desse valor para endossar as políticas climáticas no bloco europeu.

Já Luisa Neubauer, a cara da Greve Climática na Alemanha, sublinhou que cada vez mais os jovens se sentem frustrados com os políticos que pouco fazem para reverter a atual situação climática e ambiental.

“Pedimos aos nossos líderes para cuidar de uma coisa fundamental: a nossa segurança, a segurança de todas as pessoas no mundo e a segurança do nosso futuro”, apelou à publicação britânica. “É preocupante a nível democrático quando se pedem por estas coisas substanciais, que nos parecem óbvias, mas são amplamente ignoradas ou não são tomadas em consideração tal como outros temas importantes”, referiu.

Na Bélgica, Adélaïde Charlier pediu que os políticos adotem uma linguagem em prol do ambiente. “Quando os líderes minimizam a crise climática, sinto que é mais perigoso do que aqueles que simplesmente a negam porque ficamos dependentes deles para ir no sentido certo e isso é perigoso e errado”, explicou.

As três jovens fazem parte de uma longa lista de autores responsáveis por uma carta escrita aos líderes da União Europeia onde é exigido que sejam tomadas medidas eficazes para evitar consequências irreversíveis. Assinada por 80 mil pessoas, incluindo alguns dos mais importantes cientistas atualmente, a missiva argumenta que a crise da Covid-19 veio a provar que os líderes são capazes de agir rápido para responder a uma crise, mas essa mesma urgência não está a ser aplicada à crise climática.

“Tornou-se mais claro que nunca que a crise climática nunca foi tratada como uma crise, nem pelos políticos, nem pelos media, nem nos negócios ou mercados financeiros”, cita o “The Guardian” parte da carta. “E quanto mais tempo fingirmos que estamos no caminho para reduzir as emissões e que as ações para evitar um desastre climático estão disponíveis hoje em dia, mais tempo precioso perdemos”.

A carta continua por argumenta que a crise climática e ecológica só pode ser combatida se forem enfrentadas as “injustiças e opressões sociais e raciais subjacentes que lançaram as bases do nosso mundo moderno”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/premio-gulbenkian-para-a-humanidade-vai-para-greta-thunberg-615475

No início deste ano, a União Europeia apresentou o Pacto Ecológico Europeu que, segundo o documento, quer transformar o bloco europeu na primeira economia mundial isenta de emissões de CO2 até 2050, uma tarefa que aos olhos dos grevistas climáticos é “perigosamente ambiciosa”.

Esta semana, Greta Thunberg venceu o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, no valor de um milhão de euros que vão ser aplicados a projetos para o combate às alterações climáticas. A jovem, que deverá vir a Lisboa receber o prémio, informou que vai doar 100 mil euros à SOS Amazonia campaign, da Fridays for Future Brazil, que combate a Covid-19 na Amazónia, e outros 100 mil à Stop Ecocide Foundation que tem trabalhado para tornar o ecocídio um crime internacional.

“Tenho esperança na democracia e nas pessoas”, disse Thunberg no vídeo de agradecimento. “Se as pessoas se consciencializarem acerca do que está a acontecer, então podemos concretizar qualquer coisa, podemos pressionar as pessoas no poder. Se simplesmente decidirmos que queremos mais, isso mudará tudo”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.