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Gronelândia é “um grande negócio imobiliário” para Trump. Dinamarca diz que compra é “ideia absurda”

A última tentativa de compra da Gronelândia aconteceu em 1946 por Harry Truman. Apesar dos governantes da Dinamarca e da Gronelândia ressalvarem que a compra não vai acontecer, Trump sustentou que seria “um bom negócio imobiliário”
  • Christopher Aluka Berry / Reuters
19 Agosto 2019, 15h36

Após as insinuações de que Donald Trump pretendia comprar a Gronelândia, o presidente dos Estados Unidos da América afirmou que não sabe como a notícia foi divulgada para a imprensa mas que foi algo sobre o qual se falou na Casa Branca. “A ideia surgiu e eu disse que estrategicamente é interessante e que estaríamos interessados”, revelou o próprio num vídeo divulgado pelo ‘The Guardian’ este domingo.

No entanto, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, assumiu que “a Gronelândia não está à venda”, uma vez que a “Gronelândia não é dinamarquesa, é da Gronelândia”. O governo regional do país já tinha garantido que “o país não está à venda”, referindo-se aos rumores da aquisição da ilha, que conta com dois milhões de quilómetros quadrados (sendo que 80% do país está coberto por gelo) e 56 mil habitantes. “Espero sinceramente que não tenham sido declarações sérias”, declarou Mette Frederiksen à estação pública da Dinamarca.

No entanto, Donald Trump acha que a compra seria “um bom negócio imobiliário”, pois “pode ser feita muita coisa”. Apesar das boas relações com a Dinamarca, país do qual os Estados Unidos são aliados, o presidente norte-americano garantiu que “a Dinamarca está a perder quase 700 milhões de dólares a carregar a Gronelândia” e que “seria bom para os Estados Unidos” deter a parcela da ilha.

A atenção do presidente dos EUA prende-se com o facto de a Gronelândia ser um território rico em recursos naturais, tais como o carvão e urânio, e a compra da ilha iria aumentar a influência dos Estados Unidos sobre o Ártico.

Ainda assim, esta não é a primeira vez que os Estados Unidos tentam adquirir a ilha. A última vez aconteceu em 1946, quando o presidente no poder era Harry Truman. O 33º presidente dos EUA ofereceu 100 milhões de dólares em ouro (algo que hoje significava cerca de 90 milhões de euros). Na altura, a iniciativa de Truman devia-se ao uso militar.

Esta também não é a primeira vez que aos EUA adquirem regiões a outros países. A primeira aconteceu em 1803, com a compra do Louisiana à França, por 15 milhões de dólares (13,5 milhões de euros). A segunda surgiu em 1867, em que os EUA conseguiram adquirir o Alasca à Rússia por 7,2 milhões de dólares (6,5 milhões de euros). A última aconteceu em 1917 à Dinamarca: as Ilhas Virgens, e na altura os norte-americanos deram 25 milhões de euros (22,5 milhões de euros).

Desde 1979, quando foi assinado o referendo, que a Gronelândia é independente da Dinamarca. Nesse ano, a ilha assumiu o estatuto de autonomia, com competências próprias, com exceção da defesa, da política externa e da emissão da moeda.

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