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Groundforce. Casimiro pagou 3,6 milhões pela empresa em 2018 depois de ter recebido 7,6 milhões desde 2012

“Alfredo Casimiro não comprou empresa nenhuma, recebeu dinheiro para a ter. Dez milhões de portugueses gostavam de ter feito este negócio”, disse hoje o ministro Pedro Nuno Santos deixando críticas ao Governo PSD/CDS pela forma como a privatização da empresa foi feita em 2012.
  • Mário Cruz/LUSA
24 Março 2021, 13h46

O ministro das Infraestruturas disse hoje no Parlamento que o acionista maioritário da Groundforce comprou a empresa em 2012, mas só a pagou em 2018, depois de ter estado vários anos a receber

“Alfredo Casimiro não comprou empresa nenhuma, recebeu dinheiro para a ter. Pagou, mas antes de pagar recebeu 7,6 milhões” disse Pedro Nuno Santos no Parlamento esta quarta-feira, 24 de março.

O ministro afirmou que o empresário começou por comprar a empresa em 2012, e que pagou a operação em “duas tranches em 2018” no valor total de 3,6 milhões de euros.

“Até 2015, já tinha recebido 5,4 milhões de fees de gestão. Entre 2017 e 2018, foram mais 2,2 milhões de euros. Até 2018, recebeu 7,6 milhões de euros e depois de os ter recebido pagou 3,6 milhões”, explicou o governante na comissão parlamentar de economia onde analisou a situação na Groundforce.

O ministro fez esta exposição para criticar o processo de privatização de 50,1% da Groundforce pelo Governo PSD/CDS em 2012.

“Dez milhões de portugueses gostavam de ter feito este negócio. Quantos empresários do pais não gostavam de ter a Groundforce sem terem la metido dinheiro e ainda ganharem por cima? Este é um caso gravíssimo, uma vergonha. Não fazemos as vontadinhas aos empresários”, afirmou.

“Qual é o português ou a portuguesa que não gostava de fazer um negócio assim? Então ficavam donos da Groundforce e ainda ganhavam dinheiro antes de pagar”, sublinhou, durante a audição.

“Quem paga a serio as consequências e o povo e os trabalhadores. Há quem ache que estas matérias devem ser tratadas no recato dos gabinetes, pela noite dentro. Não é essa a nossa forma de estar. Esses processos devem ser transparentes, aos olhos de toda a gente. O Estado tem de se defender, não pode estar calado”, destacou.

Sobre Alfredo Casimiro, disse que o empresário “provou que não é sério”.

A companhia de handling é detida pela Pasogal (50,1%) de Alfredo Casimiro, e pelo grupo TAP (49,9%), detida em 72,5% pelo Estado português.

Depois de quase um mês de atraso, os trabalhadores da Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce receberam finalmente esta semana os seus salários em atraso relativamente ao mês de fevereiro.

O pagamento integral dos salários da empresa de assistência de bagagens, carga e passageiros nos aeroportos nacionais foi feito no dia 22 de março.

Os salários foram pagos depois de a TAP ter chegado a acordo com a Groundforce para comprar o seu equipamento. A companhia aérea depois aluga de volta os equipamentos à Groundforce para que a empresa possa prosseguir a sua atividade.

A operação – conhecida por sale & lease back – vai ficar fechada por 6,97 milhões de euros, ” valor esse que é o necessário e suficiente para que a SPDH (Groundforce) possa pagar os salários de fevereiro de 2021 e Março de 2021, bem como os correspondentes impostos de Março de 2021″, segundo anunciou a TAP na semana passada.

Além de acionista minoritário, a TAP é também o maior cliente da Groundforce, sendo responsável por 70% da operação.

O acordo entre a empresa de handling e a companhia prevê que os equipamentos possam ser comprados de volta em 60 dias, segundo avançou a CT da empresa na sexta-feira passada.

Entre os equipamentos que a Groundforce vai vender à TAP encontram-se: tratores, ‘push backs’ (rebocadores), escadas e autocarros, “entre outros equipamentos que configuram a atividade de handling”, conforme descreveu o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, na quinta-feira no Parlamento.

 

 

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