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Grupo Jerónimo Martins paga 32 milhões de euros em limpeza e proteção individual no primeiro semestre

No semestre em que os lucros do Grupo Jerónimo Martins baixaram 36,2%, ficando-se nos 104 milhões de euros, os seus custos operacionais em limpeza e proteção pessoal impostos pela pandemia ascenderam a 32 milhões de euros. O grupo presidido por Pedro Soares dos Santos reconhece que o forte desempenho da rede polaca Biedronka “mais do que compensou a queda de vendas em Portugal”.
  • Pingo Doce
29 Julho 2020, 18h50

A limpeza e proteção individual impostas pela crise sanitária da pandemia do Covid-19 elevaram, no primeiro semestre de 2020, estes custos operacionais do Grupo Jerónimo Martins (JM) a 32 milhões de euros, informa a empresa, adiantando que neste período o EBITDA do Grupo JM desceu 4,9% (menos 2,7% a taxas de câmbio constantes) passando para 635 milhões de euros, penalizado pelo aumento dos referidos custos operacionais no contexto da pandemia e pelas medidas de confinamento em vigor ao longo de quatro dos meses do período.

Os resultados líquidos do Grupo JM baixaram 36,2%, para os 104 milhões de euros – com um resultado de 0,17 euros por acção (EPS) –, que compara com os 163 milhões de euros registados em igual período de 2019. O cash flow de -118 milhões de euros compara com 152 milhões de euros registados no primeiro semestre de 2019 e a dívida líquida ascendeu a 2.150 milhões de euros (no primeiro semestre de 2019 era de 2.513 milhões de euros), o que, excluindo as responsabilidades com locações operacionais capitalizadas, levou o Grupo JM a fechar junho com uma posição líquida de caixa de cerca de 100 milhões de euros. As vendas do Grupo JM ascenderam a 9,3 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2020, 4,6% acima do período homólogo de 2019. “O forte desempenho da Biedronka mais do que compensou a queda de vendas em Portugal e a pressão da desvalorização do zloty e do peso colombiano”, comenta a empresa.

As prioridades do Grupo JM mantiveram-se inalteradas desde o início da crise sanitária: “segurança das nossas equipas e dos consumidores que nos visitam, estabilidade da cadeia de abastecimento, com particular atenção aos fornecedores mais frágeis e aos produtores do sector primário, e manter a oferta de qualidade a preços baixos aos nossos consumidores”, refere a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos.

Em todas as companhias do Grupo JM “registou-se um aumento dos custos operacionais relativos à introdução de novos e mais frequentes procedimentos de limpeza das lojas e dos centros de distribuição, bem como de equipamentos de proteção individual de uso diário para as nossas equipas”. A estes custos, refere, acresceu o reforço de provisões para valores a receber e para depreciação de stocks, contabilizados ao nível das outras perdas e ganhos, “cujo risco de não realização aumentou substancialmente devido à pandemia”, adianta. “No período dos seis meses a conjugação de todos estes valores estima-se em cerca de 32 milhões de euros”, diz o Grupo JM.

Em Portugal, o estado de emergência que entrou em vigor a 19 de março prolongou-se até 2 de maio, mantendo-se no entanto o chamado dever cívico de recolhimento domiciliário. “Com o levantamento progressivo das medidas de confinamento, o limite do número de clientes dentro das lojas passou, a 3 de maio, de quatro para cinco por cada 100 m2”, refere o Grupo JM, recordando que “o Governo manteve, no entanto, até 31 de julho, a declaração de situação de alerta em todo o país, mais agravada na área da Grande Lisboa, onde vigora a situação de contingência, com 19 freguesias declaradas em situação de calamidade”.

“Durante a última semana de junho os horários de funcionamento das lojas foram também limitados até às 20h nesta região. Os restaurantes do Pingo Doce reabriram no dia 18 de maio, em linha com o levantamento gradual das restrições em vigor até então, com a lotação reduzida e muitos condicionalismos”, refere o Grupo JM.

“O consumo alimentar, afetado pela situação pandémica e respetivo impacto na economia, tem revelado sinais de trading-down enquanto a persistência da preocupação com a evolução da pandemia tem levado alguns consumidores a reduzir a frequência de compra e a dar maior preferência do que no passado a lojas com mais espaço e com menos clientes. O Pingo Doce, dado o seu histórico de elevada frequência de compra e intensidade de tráfego, bem patentes na alta densidade de vendas, tem sido particularmente pressionado por estas circunstâncias de restrição à atividade económica imposta pela pandemia”, adianta o grupo presidido por Pedro Soares dos Santos.

Em Portugal “assistimos a uma lenta reativação do canal HoReCa e do consumo em geral, sendo que os próximos meses serão absolutamente críticos para se compreender melhor até que ponto os impactos são ou não transitórios. Numa economia que mostra já sinais de claro enfraquecimento e para a qual se espera uma forte recessão, o Pingo Doce e o Recheio apostam na atratividade e competitividade das suas ofertas, antecipando a crescente sensibilidade dos consumidores e clientes ao fator preço”, refere.

“A companhia continuará a ajustar as suas operações a esta situação de modo a mitigar os impactos na sua rentabilidade. A missão de garantir o acesso a bens alimentares essenciais de qualidade, a preços baixos, na proximidade e num ambiente de compra seguro manter-se-á como o fio condutor de todas as nossas decisões”, acrescenta do Grupo JM. “É hoje evidente que esta pandemia impacta todos os negócios de forma não homogénea, variando em função das medidas impostas por cada país e da resiliência de cada mercado de consumo. A incerteza sobre o desenvolvimento da pandemia continua muito elevada, sendo ainda cedo para estimar o impacto real que, no conjunto do ano, terá na economia mundial e em cada um dos países em que operamos”, admite. Nestas circunstâncias, o Grupo JM não apresenta guidance para 2020.

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