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Grupo Nowo/Oni disponível para ir ao leilão do 5G

“Nós queremos criar a nossa rede própria de móvel e estamos dispostos a ir ao leilão para comprar espetro disponível de 4G e 5G”, disse Miguel Venâncio aos deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
  • Presidente do Conselho de Administração da Nowo, Miguel Venância, e o CEO do Grupo MásMóvil, Meinrad Spenger
3 Junho 2020, 19h17

O grupo Nowo/Oni quer tornar-se numa operadora com cobertura total no território português, em rede móvel e em rede fixa, e, por isso, está disponível para participar no leilão de atribuição de licenças para a quinta geração móvel (5G), revelou o presidente do conselho de administração do grupo, Miguel Venâncio, esta quarta-feira, no Parlamento.

O grupo de telecomunicações quer também adquirir mais espetro no 4G e quer que a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) tenha uma “intervenção mais musculada” para criar espaço de concorrência aos novos players do mercado de telecomunicações.

Tal como o JE escreveu em 6 de dezembro de 2019, a empresa já admitia entrar no leilão do 5G. Mas nessa altura a telecom ainda estava a “avaliar vários cenários”.

Desta vez, a afirmação do gestor foi elucidativa. “Nós queremos criar a nossa rede própria de móvel e estamos dispostos a ir ao leilão para comprar espetro disponível de 4G e 5G”, disse Miguel Venâncio aos deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

O chairman do grupo Nowo/Oni salientou, contudo, que há condições “sine qua non [latim para sem o qual não pode ser]para avançar, pelo menos no 4G, cuja rede ainda tem espetro por atribuir. Se for aberta a possibilidade de adquirir espetro no 4G, o grupo de telecomunicações espera que os novos operadores tenham prioridade face à Altice, Vodafone e NOS, “porque já o têm”. Outra condição é a existência do chamado roaming nacional.

Miguel Venâncio frisou, por isso, que o regulador das comunicações tem de garantir condições especiais para quem é novo no mercado, no leilão do 5G, criando capacidade de concorrência aos novos entrantes.

“Se for aberta a aquisição de espetro de 4G no mercado a todos, naturalmente, os três operadores podem comprar, porque têm mais capacidade económica e isso já não nos permite comprar”, explicou.

Sobre o roaming nacional, o administrador disse que é “fundamental” para garantir que a oferta da Nowo/Oni está disponível para todo os consumidores de telecomunicações, no que respeita à cobertura geográfica. Contudo, lamentou que a Anacom, na proposta de regulamento para o leilão do 5G, limite o acesso ao roaming nacional,  “se se comprar espetro até 50 Mhz [megahertz]”.

“No fundo, limita que possamos comprar mais capacidade [de rede] e depois limita-nos a capacidade necessária para fazer o deployment [lançamento] da rede, para ter acesso ao roaming nacional. Isso para nós não faz qualquer sentido. Achamos que não deveria haver limites de Mhz, a não ser nos 100 Mhz”, disse.

Mas o grupo poderá procurar uma outra solução, que passa por firmar acordos de operador móvel virtual (MVNO), caso não se observe o cumprimento das referidas condições. Contudo, essa alternativa pode também não resultar.

Porquê? “Temo-nos esforçado em reuniões e contactos com outros operadores, a Altice, Vodafone e Nos, no sentido de eles nos abrirem as suas redes fixas ou negociar um MVNO, mas não temos tido qualquer êxito com qualquer um dos três operadores”, adiantou Miguel Venâncio, no Parlamento.

“O mercado está muito centralizado em três operadoras”
Por isso, Miguel Venâncio defendeu a necessidade de se cumprir o proposto pela Anacom na consulta do leilão para o 5G, como forma de garantir concorrência no setor das telecomunicações em Portugal.

“O regulador deverá ter uma intervenção mais musculada e, se não regular logo de início condições muito específicas, deverá intervir num prazo muito curto”, caso as três principais operadores – Altice, Vodafone e NOS– não estabeleçam acordos com o novo operador.

Além de defender o roaming nacional e a criação de condições especiais para novos entrantes, o gestor defendeu a imposição de limites de 100 Mhz na compra do espetro, uma vez que é a única forma de garantir que não haja açambarcamento de espetro, impedido a entrada de novos operadores.

“O mercado está muito centralizado em três operadoras”, sublinhou, defendendo depois que “este é o momento para a nível nacional haver concorrência na área das telecomunicações”.

A oferta do grupo Nowo/Oni cobre, atualmente, 900 mil casas em redes suburbanas e rurais, em rede fixa. A empresa também tem um acordo de MVNO com a Meo (detida pela Altive), mas para o chairman do grupo esse acordo “não é competitivo”. Trata-se de um acordo que garante ao grupo Nowo/Oni cobertura nacional no negócio móvel.

Quanto à rede fixa, a empresa não tem conseguido chegar a acordo para aceder às redes das três principais operadoras e, assim, obter uma cobertura nacional. No fixo, o grupo tem desde março um acordo com a DSTelecom, que permite chegar a mais 500 mil casas. Ao todo, o grupo cobre 1,4 milhões de lares.

Em dezembro de 2019, Miguel Venâncio contou ao JE que o grupo pretende triplicar a quota de mercado para 12%, em 2020. Para atingir essa meta, contava com a nova rede de fibra ótica que o fundo norte-americano Digital Bridge iria construir em Portugal, num investimento de 500 milhões de euros. Contudo, no Parlamento, o gestor não fez qualquer menção da parceria com a Digital Bridge.

Ainda assim, reiterou a intenção de alcançar 70% dos lares em Portugal este ano, ou seja, cobrir 3,5 milhões casas.

“Queremos ser um player forte no mercado, como a MásMóvil fez em Espanha. Em 2015, faturava 100 milhões de euros, hoje fatura 1,7 mil milhões de euros”, disse aos deputados.

O grupo Nowo/Oni foi adquirido pela MásMóvil, em agosto de 2019, quando a telecom espanhola adquiriu a Cabonitel. A antiga Cabovisão foi comprada, em parceria com o fundo GAEA Inversión, ao fundo KKR, que tinha adquirido a Nowo e a Oni Apax em outubro de 2018.

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