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Grupo Jerónimo Martins vai investir 50 milhões de euros por ano no agroalimentar

Apostas da Jerónimo Martins passam pela produção de laticínios, pecuária e aquacultura. Em solo português, ao longo da costa nacional e no exterior, como em Marrocos. O investimento nesta fileira já chegou aos 350 milhões.
16 Março 2019, 18h00

Se pensa que o Grupo Jerónimo Martins se resume à cadeia Pingo Doce; à cadeia Recheio, especializada para o canal da restauração e hotelaria; ou à simpática ‘abelhinha’ da Biedronka na Polónia; ou, finalmente à colorida arara (Ara) na Colômbia, há todo um mundo de inovação e vertiginosos negócios no setor agroalimentar que lhe está a escapar.  O grupo liderado por Pedro Soares dos Santos arrancou com esta vertente operacional há cerca de quatro anos para se defender em termos de cadeias de abastecimento, mas agora o desafio já ganhou outras proporções, ganhando foros de uma nova área de atividade do grupo. Já foram investidos 350 milhões de euros e nos próximos anos, o esforço financeiro previsto para o setor agroalimentar pelo Grupo Jerónimo Martins aponta para 50 milhões de euros em cada exercício.

Já em produção ou em fase de arranque, o destaque vai para uma fábrica de laticínios em Portalegre, diversas unidades de produção pecuária (carne de vaca) e de aquacultura (dourada, robalo, salmão e outros peixes). Com enfoque em tecnologia de ponta facultada por alianças com parceiros internacionais, sem esquecer o bem-estar dos animais.

Disse que o grupo investiu 350 milhões de euros na fileira agroalimentar nos últimos anos. Quais são as projeções de investimento nos vários projetos de pecuária, aquacultura…?

Estamos a desenvolver esta área com um sentido de proteção, de melhorar a oferta nas nossas cadeias, fazendo a diferença. Gostemos ou não, há hábitos alimentares que estão a mudar. Portanto, temos de nos precaver com antecedência. Nalguns casos, poderá haver escassez no mundo. O pescado é um deles, e outras áreas diferenciadas. Pode acontecer. O que é que o grupo Jerónimo Martins tem de fazer? Primeiro, proteger a sua cadeia de abastecimento. Depois, ao proteger a sua cadeia de abastecimento, se perceber que é negócio que pode ir para fora, vai para fora. Escolhemos três áreas: a carne de vaca, os peixes – dentro dos peixes, a segunda espécie mais consumida em Portugal é o salmão, e importado – e depois, temos um problema muito grande, que é quando a China começa a comprar, distorce os mercados todos e cria escassez. Não podemos ter escassez nem estar à mão de terceiros em áreas cruciais. A peixaria, o talho e os produtos frescos são cruciais para nós. Não pode haver discussão. A entrada no leite foi diferente. Havia um monopólio em Portugal que se chamava Lactogal. Não queríamos estar na mão de um só fornecedor. Portanto, fizemos o investimento. Graças a Deus, temos esta grande capacidade de fazer os nossos próprios investimentos e resolver os assuntos.

A aquacultura é um projeto que poderá ser exportado para outras geografias?

Pode ser exportado para outras geografias.

Até que ponto podem ser aumentados?

Vamos ver. Temos estes projetos, mas vamos fazê-los de uma forma muito calma para perceber a dimensão de negócio e de mercado que existe. Para nós, é novo. Tem muita tecnologia aliada. Estamos agora a começar a formar uma geração de diretores nesta área, novos, que estão a começar agora a conhecer este mundo. Nós conhecemos este mundo na perspetiva da compra, mas não na produção e evolução. Portanto, para nós, é um mundo que tem quatro ou cinco anos. Neste momento, estamos a investir fortemente nas pessoas, no conhecimento e nalgumas áreas. Tem uma capacidade de expansão muito grande.

Quais são as previsões de investimento do grupo nesta fileira?

Temos uma média de investir 50 milhões de euros por ano nesta área. Temos isso reservado. Acreditamos que a tecnologia aliada ao bem estar poderemos, produzir leite sem hormonas, sem fármacos sem nada.

Porque é que foi buscar tecnologia a Israel para isso?

É o país do mundo que mais de­senvolve estas tecnologias. Tem um avanço tecnológico no digital fantástico. Vamos agora pôr uns drones nas nossas propriedades que começaram por ser por razões de segurança. Ao fim do dia, aquilo conta os animais, vê o peso dos animais. A monitorização é total. Você não precisa de ter ninguém na propriedade que aquilo olha para o campo, vê se as colheitas estão secas, em que zonas estão a precisar de mais água. O drone capta as imagens que vêm para um computador e as processa. A partir dali, temos um panorama completo. Dá-me para perceber quando é que a vaca está pronta para cruzar. Não é um veterinário qualquer que chega lá, olha para ela, dá-lhe uns toques “é agora”, depois, a vaca não consegue e espetam-lhe hormonas. Não é preciso. Têm os dados biométricos todos e identifica tudo. Até para o animal é bom. Temos uns consultores americanos que nos ajudam no bem-estar animal que é uma coisa incrível. Puseram umas máquinas de massajar e chuveiros que as vacas adoram.

Artigo publicado na edição nº1978 de 1 de março do Jornal Económico

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