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Grupo Veracruz investe 50 milhões de euros em amendoal na Beira Baixa

Este é um dos maiores projetos agrícolas alguma vez realizados no distrito de Castelo Branco e pretende colocar Portugal como uma referência mundial na produção de amêndoa.
2 Julho 2019, 11h30

O grupo luso-brasileiro Veracruz vai investir cerca de 50 milhões de euros na instalação de um amendoal de cerca de dois mil hectares de amendoal no Fundão e em Idanha-a-Nova. Segundo a empresa, o objetivo é chegar aos cinco mil hectares de amendoeiras e exportar 70% da produção.

“São mais de três milhões de amendoeiras e dois mil hectares de terra espalhados por diversas herdades localizadas em dois concelhos do interior português, Fundão e Idanha-a-Nova. O investimento de perto de 50 milhões de euros em amendoal que o grupo luso-brasileiro Veracruz está a fazer germinar na Beira Baixa é um dos maiores projetos agrícolas jamais realizados no distrito de Castelo Branco”, destaca um comunicado do grupo.

De acordo com esse documento, “quando a plantação estiver totalmente instalada e a produção a decorrer em velocidade cruzeiro, destes campos vão sair quatro mil toneladas anuais de amêndoa, todas de variedades tradicionais mediterrânicas”. “No futuro, e através da abertura de capital a outros investidores, a Veracruz pretende chegar aos cinco mil hectares de amendoal implantados”, assume a organização.

Segundo os responsáveis da Veracruz, a primeira fase deste investimento, ou seja, 26,3 milhões de euros, foi recentemente reconhecida pela AICEP como Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN), um estatuto que distingue os empreendimentos de impacto relevante no país, que promovem o desenvolvimento económico, social, tecnológico e de sustentabilidade ambiental.

O lançamento oficial do projeto PIN da Veracruz decorre esta terça-feira e conta com a presença do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas.

“Temos como missão fazer de Portugal um ‘player’ importante no setor de frutos secos na Europa. Pelas suas características edafoclimáticas, Portugal tem todo o potencial para se assumir como uma importante referência na cultura de amêndoa, que por agora se concentra na Califórnia, responsável por 80% da produção total”, garante David Carvalho, sócio cofundador da empresa que junta ‘países irmãos’ e prevê exportar cerca de 70% da produção.

O mesmo responsável acrescenta que, “por outro lado, pela sua localização geográfica, estamos muito próximos dos consumidores, já que a Europa responde por mais de 40% do consumo global”. Sublinhando que já existe um reconhecimento internacional da qualidade dos produtos ‘made in Portugal’, o empresário brasileiro acredita que “é possível potenciar a notoriedade da marca ‘amêndoas de Portugal’, à semelhança do que acontece nos setores do vinho e do azeite”.

Por seu turno, Filipe Rosa, outro sócio cofundador da Veracruz, afirma que a escolha da Beira Baixa se ficou a dever, não só ao clima e solos perfeitamente adaptados à cultura, como também “à disponibilidade de terra e de água”. “E, tão importante, à vontade política demonstrada pelos autarcas em acolherem o nosso projeto e reverterem o processo de desertificação do interior. Somos um ‘projeto-âncora’ que visa criar um ‘cluster’ de produção para valorizar esta região. Vamos criar mais de 150 postos de trabalho diretos e indiretos nos próximos anos e assumimos o compromisso de contratar, sempre que possível, mão-de-obra local”, garante este responsável.

De acordo com o comunicado da empresa, “o empreendimento da Veracruz prevê até 2021 a instalação de uma fábrica de descasque e processamento de amêndoa na mesma região”, que deverá exigir um investimento adicional de 6,5 milhões de euros. “Com capacidade para receber e transformar a produção de outros produtores locais, garantindo-lhes canais de escoamento, esta unidade permitirá atrair outros investimentos em amendoal e reabilitar terrenos abandonados, promovendo o desenvolvimento económico e social da zona”, adianta a mesma nota.

“Apostando nas mais modernas tecnologias de ‘smart farming’, este projeto recorre à utilização de ‘drones’ e à captação de imagens satélite para verificação do desenvolvimento e saúde das plantas. Simultaneamente, implementa as mais sustentáveis tecnologias de agricultura de precisão e economia circular, como a introdução de sondas no solo para monitorização da utilização de água e de fertilizantes. Além de parcerias científicas e tecnológicas com institutos e universidades locais, a Veracruz pretende apoiar ‘startups’ de ‘agrotech’ disponibilizando parte das suas terras como campos de exploração e ‘showroom’ para estes novos projetos”, assegura o referido comunicado.

A Veracruz nasceu após um estudo económico-financeiro exaustivo sobre o cultivo de amendoal a nível mundial, pelas mãos dos sócios David Carvalho (brasileiro descendente de portugueses, fundador e gestor de várias empresas de tecnologia no Brasil) e Filipe Rosa (empreendedor português que lançou seis ‘startups’ tecnológicas nos dois lados do Oceano).

Com o intuito de trabalhar a terra e aplicar as mais avançadas tecnologias agrícolas, a Veracruz instalou a sua sede em Castelo Branco e, em 2018, iniciou a plantação do amendoal no Fundão e Idanha-a-Nova. A empresa está ainda a trabalhar em conjunto com os demais produtores desta fileira em Portugal no lançamento da Associação Nacional de Produtores de Frutos Secos, interessada, entre outros objetivos, em produzir conhecimento sustentado sobre o sector e as suas práticas.

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