1. Costa, o governador do Banco de Portugal (BdP), está enfraquecido. Costa, o primeiro-ministro (PM) de Portugal, vai enfraquecê-lo ainda mais. Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, sugeriu uma auditoria ao Novo Banco (NB) e à atuação do BdP pós-resolução – entra na tese defendida pelo antigo presidente do BES, Ricardo Salgado. Costa, o PM, numa jogada política de génio, lembra que o Governo não tem poderes para fiscalizar o BdP e sugere uma comissão parlamentar que irá avaliar a atuação do BdP. O PS vai fazer a proposta e Mortágua e Jerónimo, com relutância, vão aceitar.

O mestre da política António Costa volta a marcar pontos e deixa o governador Carlos Costa numa situação ainda mais frágil – não sai pelo próprio pé e espera o terminus do mandato para daqui a pouco mais de um ano.

Pelo meio fica o PSD, que nesta comissão de inquérito vai insistir no ponto que é crucial: o relatório do Boston Consulting Group (BCG), que se mantém escondido, e que para além da própria empresa apenas o BdP conhece. Por que motivo se mantém o segredo sobre o relatório do BCG? Os deputados vão tentar o que até agora nem eles, nem os tribunais conseguiram: aceder ao documento.

E ficam ainda as boas respostas (mais uma vez) do ministro das Finanças Mário Centeno na entrevista à RTP. Falou em empréstimo a 30 anos ao Fundo de Resolução (que por sua vez injeta dinheiro no NB) para se distanciar de quem argumentou com o peso que a injeção de fundos no NB vai custar ao contribuinte. Claro que o acionista do NB vai “esmifrar” tudo a que tem direito. O capital contingente acordado aquando da venda do NB ao novo acionista falava em utilização até 3,9 mil milhões de euros a oito anos, mas em dois anos já foi usado metade desse valor e ninguém acredita que o pedido fique por aqui.

2. Preocupante é a palavra a aplicar à evolução do imobiliário em Portugal, particularmente em Lisboa. É claro o arrefecimento. Menos cidadãos angolanos e chineses, mais brasileiros. Mas a queda do número de estrangeiros que vêm viver para Portugal não está a ser compensada por cidadãos nacionais, até porque os valores das rendas e M2 são incomportáveis. Relembremos que a explosão do imobiliário residencial do tempo da governação de Cavaco Silva, e depois entre 2000 e 2005, foi potenciada pelos jovens licenciados que queriam uma casa. Hoje em dia, isso é impossível pelos valores de rendimento dos jovens e pelo custo do m2. Os próximos tempos não serão bons.

3. Menos preocupante é a previsão da OCDE sobre aquilo que será a Europa em 2019 em termos de crescimento. As projeções caem de avaliação para avaliação, mas a retração europeia e mundial resulta das medidas protecionistas de Trump. Aparentemente, EUA e China vão chegar a acordo, o que é muito bom. Também poderá acontecer um segundo referendo no Reino Unido e será o fim da saga do Brexit, o que seria excecional.