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Guterres em apuros. ONU está com falta de dinheiro e salários estão em risco

Para cortar nos custos, o secretário-geral falou em adiar conferências e reuniões e reduzir os serviços. Na carta dirigida aos funcionários ficou ainda escrito que as viagens oficiais iam ser restringidas apenas para as atividades essenciais.
  • Denis Balibouse/Reuters
8 Outubro 2019, 15h43

A Organização das Nações Unidas (ONU) está com um défice de 230 milhões de dólares (210 milhões de euros) e pode ficar sem dinheiro já no fim do presente mês, alertou o secretário-geral, António Guterres. Numa carta enviada aos 37 mil empregados, à qual a France Press teve acesso, o português garantiu que têm de ser tomadas “medidas adicionais não especificadas” para garantir o pagamento dos salários.

“Os estados-membros só pagaram 70% do valor total necessário para as nossas operações regulares em 2019. Isso traduziu-se numa escassez de dinheiro no valor de 230 milhões de dólares no fim do mês de setembro. Corremos o risco de esgotar as nossas reservas de liquidez de backup até ao fim do mês”, escreveu António Guterres na carta.

Para cortar nos custos, o secretário-geral falou em adiar conferências e reuniões e reduzir os serviços. Na carta dirigida aos funcionários ficou ainda escrito que as viagens oficiais iam ser restringidas apenas para as atividades essenciais, além da tomada de algumas medidas extraordinárias para poupar energia.

Um funcionário que pediu anonimato afirmou que o português pediu aos estados-membros das Nações Unidas que aumentassem as suas contribuições para a entidade, de forma a evitar problemas de fluxo na caixa, pedido ao qual os países recusaram. “A responsabilidade final pela nossa saúde financeira cabe aos estados-membros”, afirmou Guterres.

No ano passado, o orçamento operacional da ONU foi de 5,4 mil milhões de dólares (4,55 mil milhões de euros), sendo que os Estados Unidos contribuem obrigatoriamente com 22% desse mesmo valor para o orçamento geral e 28% do orçamento de manutenção de paz.

A ONU conta com 193 estados-membros e os Estados Unidos da América são um dos maiores doadores para esta entidade, seguidos pelo Reino Unido, Alemanha, Japão e União Europeia. A Fundação Bill & Melinda Gates é um dos grandes contribuidores para a ONU, tendo contribuído com 280 milhões de euros anuais nos últimos três anos.

Com o orçamento dividido para diversas causas, mais de metade destina-se à ajuda humanitária e programas de apoio ao desenvolvimento. Já as missões de manutenção de paz necessitam de perto de 20% do orçamento total. A organização liderada por António Guterres é financiada por pagamentos obrigatórios e por contribuições voluntárias, sendo que cada membro tem de pagar uma percentagem obrigatória do orçamento regular.

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