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Guterres presta juramento numa ONU que vacila entre a “crise perpétua” ou o “futuro sustentado”

O segundo mandato tem início num momento particularmente difícil, lembro Guterres, marcado pela pandemia de Covid-19 – que deixou a descoberto a dimensão das desigualdades e promoveu o seu aprofundamento.
  • António Guterres
18 Junho 2021, 15h43

António Guterres tomou posse esta sexta-feira de um segundo mandato como secretário-geral da Organização das Nações Unidas e, depois de ser ter declarando um “multilateralista devoto”, admitiu que terá pela frente, nos próximos quatro anos (entre janeiro de 2022 e janeiro de 2006), o esperam “tarefas colossais”, a si é à organização.

Num misto de “emoções e preocupações”, Guterres disse que o momento que o planeta vive “é crítico”, e por isso mesmo é um momento “de escolhas consequentes” – entre “a crise perpétua” ou “um futuro verde e sustentado” onde todos os países tenham igualdade de oportunidades e todos os seus cidadãos sejam tratados como iguais.

Guterres usou parte da sua curta intervenção – durante a qual usou três línguas distintas, inglês, francês e espanhol – para explicar que o desafio imediato é a contínua “batalha contra a pandemia de Covid-19” que, especificou, deixou a descoberto todas as diferenças que existem entre o mundo rico e o mundo pobre e conseguiu mesmo aprofundá-las. Apesar disso, Guterres faz um resumo positivo da intervenção da ONU face à pandemia – tendo recordado aqueles que caíram na linha da frente do combate – e lembrou que, sem a sua intervenção, tudo teria sido muito pior.

Mas ainda falta fazer quase tudo – desde logo porque, recordou, mais de metade da população mundial não tem acesso a qualquer vestígio mínimo de segurança social – o que coloca milhões de humanos nas mãos do acaso, que por estes dias é caótico.

De qualquer modo, assegurou, “a ONU continua profundamente comprometida” com uma solução para a pandemia. Mas não só: Guterres disse que a organização que lidera se mantém emprenhada em, com todos os seus parceiros, minorar dificuldade, desigualdades e desavenças onde quer que elas se encontrem.

Para isso, recordou, há que construir aquilo a que chamou “a ONU 2.0” – uma organização que terá ela própria que enveredar pela “transformação digital, pelo primado da comunicação e pela capacidade analítica”. Para isso, afirmou ainda, é preciso que a ONU deixe para trás alguns ‘vícios’, de entre destacando a “burocracia desnecessária”, com a aposta “na inovação e em novas formas de colaboração” que permitam o primado da solidariedade.

Guterres recordou que esta solidariedade conta em grande escala com economias em desenvolvimento, tendo afirmado que essa é também uma área onde a ONU tem histórico de atuação e pretende continuar a operar.

Numa intervenção que terá demorado pouco mais de dez minutos, o secretário-geral da ONU teve ainda tempo para agradecer a presença na sala do Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa. Evidentemente que o primeiro-ministro António Costa também endereçou a António Guterres os seus parabéns e votos de sucesso para os próximos quatro anos.

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