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“Há clubes da II Liga que poderão ter lucro com os jogos à porta fechada”

Na última edição do programa “Jogo Económico” da JE TV, o economista Luís Tavares Bravo fez as contas ao impacto económico dos jogos à porta fechada e concluiu que na II Liga, existem clubes que terão lucro com esta medida tendo em conta o custo de organização por jogo.
11 Março 2020, 08h10

Caso seja alargada a outras jornadas a decisão de fechar as portas dos estádios para todas as competições em Portugal, esse impacto terá efeitos diferentes nos clubes, de acordo com a dependência da designada receita do dia do jogo. Na última edição do “Jogo Económico”, programa sobre economia do desporto transmitido na plataforma JE TV, o economista Luís Tavares Bravo debruçou-se sobre este tema e diferenciou os cenários em três categorias: clubes grandes, clubes da I e da II Liga. Luís Tavares Bravo recorda que “os jogos de futebol são, hoje em dia, “um espetáculo cada vez mais digitalizado e televisionado e nesse sentido as receitas do match day têm um impacto cada vez mais reduzido, à exceção dos clubes das Ligas de maior expressão, onde essas receitas têm um peso de 10% a 20%”.

Luís Tavares Bravo realça as diferentes realidades existentes na Liga portuguesa, num campeonato onde a média de espetadores por jogo foi de 11.350 na época passada. Aliás, a I Liga, entre 2003 e 2018, de acordo com o CIES, aumento em 5% a sua média de espetadores portugueses, passando de 10.505 para os 11 mil, ou seja, esta Liga é a 17ª com mais assistências em 51 campeonatos analisados. “Para os clubes grandes portugueses, as receitas de dia de jogo chegam a ter um peso no orçamento de 20 a 30% nas receitas”, sublinha o economista. Luís Tavares Bravo dá o exemplo dos ‘encarnados’: “O SL Benfica tem um orçamento de 90 milhões de euros e dessa verba, 30 milhões de euros estão associados a receitas ligadas ao dia do jogo: bilheteira, lugares anuais, etc”. “Diluindo essa receita nas outras ao longo da época, estamos a falar de um peso que vai de 4 a 7%, realça o economista.

Noutra dimensão, o economista afirma que a realidade é bem diferente nos clubes mais pequenos e dá o exemplo do quinto classificado da Liga portuguesa. “O Rio Ave tem uma média de 2.600 espetadores por jogo apresentando uma receita de bilheteira de 300 mil euros. A perda dessa receita implicaria impacto de cerca de 3%”, esclarece Luís Tavares Bravo.

Este economista salienta ainda a diferença entre clubes da I e II Liga que também têm direitos televisivos. No escalão principal do futebol português, os custos de organização de cada partida orçam os 10 a 15 mil euros por partida. Já na II Liga estes custos variam entre os 5 a 7 mil euros por jogo. “Em alguns clubes cuja assistência média é inferior a 500 pessoas por jogo, podemos estar numa situação em que os clubes até veem lucro porque não têm custos de organização e ainda recebem os direitos”, indica Luís Tavares Bravo.

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