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Susete Amaro: “Há um reconhecimento óbvio da importância do espaço e um interesse estratégico”

Os Açores vão ter uma entidade regional para o sector espacial e estão a elaborar uma estratégia própria, diz ao Jornal Económico a secretária regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital.
1 Dezembro 2021, 11h00

A secretária regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital, Susete Amaro, explica os objetivos que o governo regional dos Açores tem para o sector aeroespacial e os investimentos que a região autónoma já captou.

 

Que objetivos tem o Governo Regional dos Açores para a indústria aeroespacial?
O Governo Regional dos Açores tem objetivos muito concretos, bem definidos e muito ambiciosos. Entendemos que a indústria ligada ao espaço pode não só ser muito importante para a captação e fixação de recursos humanos, mas também no que possa ser o arranque de uma indústria de futuro, que é diferenciadora e tem um enorme potencial de alavancagem do desenvolvimento económico e social. Por essa razão, o XIII Governo dos Açores inscreveu no seu programa a elaboração de uma Estratégia Regional para o Espaço, já em execução, e a criação de uma Entidade Regional que deve dar corpo à necessidade de dinamizar e gerir as atividades espaciais, criando sinergias e alavancando os projetos de índole aeroespacial já existentes, de forma a vincar o nosso interesse a nível regional e internacional, assegurando assim a implementação e coordenação da “Estratégia Regional para o Espaço”, em articulação, naturalmente, com a “Estratégia Portugal Espaço 2030” e com a “Estratégia Europeia para o Espaço”. Há, portanto, um reconhecimento óbvio da importância desta área e um interesse estratégico no entendimento e colaboração com as várias entidades nacionais e internacionais.

Como se concretiza o objetivo de aproveitar o potencial geográfico dos Açores?
Importa dizer que, durante muito tempo, quando se falava da indústria aeroespacial, a Região Autónoma dos Açores era vista unicamente pela sua posição geográfica. É verdade que a nossa posição geográfica é um ativo que não podemos de forma nenhuma desperdiçar, no entanto, o XIII Governo dos Açores tem objetivos que vão além desse desiderato. O potencial geográfico dos Açores tem de contemplar, agregar e ter em linha de conta as pessoas, que são quem mais interessa. Por isso, estamos a trabalhar para garantir que esse potencial geográfico seja traduzido em lógicas de desenvolvimento articulado com projetos de estudo dos oceanos, do clima, etc, de forma a que se entenda o arquipélago como uma “unidade laboratorial única”, de maior valor, onde os dados e os estudos científicos possam ser mais agregados e mais completos. E aqui, relevo, para além de instituições nacionais com que colaboramos, como por exemplo o AirCentre ou a PTSpace, o papel da Universidade dos Açores, que pode e deve ajudar com contributos ímpares para a criação de novas políticas públicas associadas a esta área.

Têm sido captados outros investimentos para o sector aeroespacial nos Açores?
O investimento que tem vindo a ser efetuado na Região Autónoma dos Açores tem permitido a fixação de projetos e empresas de base tecnológica. Exemplo disto foram os últimos investimentos para a instalação de uma Antena de 15 mts que potenciará o desenvolvimento de vários projetos científicos e industriais e, por outro lado, a potenciação da instalação da Estação da EUMETSAT no Teleporto de Santa Maria, através da empresa Edisoft.

Atualmente, contamos com projetos já instalados ou em vias de instalação de instituições de reconhecido mérito internacional como é o caso do CNES, da Leolabs, Rokect Lab, em parceria com entidades locais e nacionais. Um longo caminho tem sido trilhado, também, no desenvolvimento de condições para a criação de emprego qualificado, tendo a Associação RAEGE Açores protocolos em vigor com a FLAD e o AirCentre.

Por fim, conta-se ainda a participação no projeto Europeu de Space Surveillance and Tracking, garantindo através da posição geoestratégica da região, a instalação de um sensor ótico e do Centro de Operações Espaciais na ilha Terceira, um sensor ótico em Santa Maria o que potenciará a criação de valor e de emprego qualificado.

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