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Hábitos digitais vão alterar estratégias do sistema financeiro

As fintech estão no caminho do sistema financeiro e de todos os instrumentos que lhe estão a montante e a jusante. É um caminho novo para chegar ao mesmo fim: a alavancagem dos investimentos das PME.
26 Outubro 2018, 21h10

Mais de 71% dos jovens até aos 25 anos preferem ir ao dentista que a uma dependência bancária. Esta surpreendente estatística permite descobrir todo um mundo novo que vai alterar profundamente as estratégias do sistema bancário mundial e todas as instrumentais que lhe estão a montante e a jusante – onde se encontram as sociedades de garantia mútua.

Não sendo possível responsabilizar os dentistas por esta profunda alteração social, os ‘culpados’ devem ser encontrados junto das fintech, que transformaram as operações inerentes ao sistema em algo muito diferente do que era até agora. Rapidez, fiabilidade, customização parecem ser as três palavras-chave para todo esse mundo novo que por estes dias já faz parte da paisagem social.

Esta é uma das principais conclusões do segundo dia do XXIII Fórum Ibero-Americano de Sistemas de Garantia e Financiamento para PME, organizado pela Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM) e pela REGAR (rede ibero-americana de garantia), a decorrer desde quinta-feira no Porto, e de que o Jornal Económico é media partner.

É neste quadro que as sociedades de garantia mútua devem passar a operar – investindo na proximidade e na rapidez. O tempo corre contra as organizações que não sejam devidamente flexíveis: um dos painéis do dia permitiu observar que já há uma aplicação que viabiliza a atribuição de crédito em… cinco minutos – tudo com o recurso a um simples smartphone.

Coube a António Gaspar, administrador da SPGM, elencar outras conclusões que foram apuradas durante os dois dias de trabalho. As palavras de ordem são as mesmas: customização, flexibilidade, mas também uma regulação mais exigente – num quadro em que as fintech acrescentam capacidade de criação de valor.

Facto interessante neste particular é a evidência induzida pela estatística que informa, segundo a consultora KPMG, que 80% do sistema bancário já está a associar-se a startups da área das fintech. Um claro recado para o sistema de garantia.

Menos surpreendente porque já conhecida – mas reforçada até por via das novas obrigações legais – uma das conclusões dos trabalhos apontam para que o sistema de garantia é cada vez mais um instrumento essencial para o desenvolvimento das empresas, mas também da economia em geral. Um estudo da Universidade Católica evidencia a capacidade ‘sistémica’ de a garantia mútua estender as suas virtudes à envolvente, quer micro quer macroeconómica.

É por isso importante que a disseminação da informação sobre o que é e o que induz o sistema de garantia seja uma preocupação do próprio sistema. Dos trabalhos do fórum resultou que, se esse trabalho já está desenvolvido na Europa, na América Latina ainda há um caminho mais longo ou menos longo, conforme os países, a percorrer.

Claro ficou também o importante papel da contra-garantia como instrumento paralelo, ou complementar, à garantia, o que permite multiplicar ainda mais a alavancagem do investimento por parte do sistema. Promover melhores condições de negócio às PME é também uma necessidade do sistema. Para isso, a promoção de protocolos entre organizações dos dois lados afigura-se como essencial, concluiu António Gaspar.

O fórum homenageou ainda José António Barros, o primeiro presidente da SPGM, considerado o ‘pai’ do sistema de garantia nacional – que por acaso foi criado na sua própria casa a pedido do então ministro da Indústria, Mira Amaral.

O fórum foi encerrado por Beatriz Freitas, presidente da SPGM, que teve oportunidade de salientar que, dos trabalhos, resultou o aprofundamento do sentimento “de rede, que acrescenta valor, competências e conhecimento” a todo o sistema de garantia.

No final dos trabalhos ficou definido que o fórum número 24 irá decorrer na Foz do Iguaçu, no Brasil, a organizar em conjunto com a Sociedade Garantidora de Crédito, em princípio nos dias 26 e 27 de setembro de 2019.

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