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Hélder Rosalino destaca projeto do Eurosistema para a emissão da moeda digital do banco central como desafio para novo mandato

O administrador do Banco de Portugal diz que “para ter capacidade de influenciar o desenho do chamado Euro digital e capacidade de apoiar o sistema financeiro nacional caso o projeto avance, o banco terá de participar ativamente na fase de investigação, que decorrerá até 2023, e na fase da implementação, operacionalizando a infraestrutura que vier a ser disponibilizada”.
  • Cristina Bernardo
29 Novembro 2021, 17h48

O administrador do Banco de Portugal, que teve hoje a sessão pública de apresentação, no Ministério das Finanças, no seu discurso, e para além do balanço do que fez no anterior mandato, traçou as dimensões de atuação que serão, do ponto de vista estratégico, mais relevantes nos próximos anos.

Hélder Rosalino considera que “é inquestionável que as atividades associadas à condução da política monetária continuarão a ter papel preponderante na manutenção de condições de liquidez e de financiamento adequadas ao conjunto dos agentes económicos”. Lembrando que “o papel do Banco de Portugal neste domínio tem sido e continuará a ser central para a economia e para o sistema financeiro nacional, através da sua atuação influente ao nível do Eurosistema, como também na dimensão nacional”.

Na área dos sistemas de pagamentos, “merecerá especial atenção o projeto do Eurosistema tendente à emissão de uma moeda digital de banco central, que poderá levar, como alguns antecipam, a uma transformação monetária global sem precedentes”, referiu o administrador do Banco de Portugal que admite assim que a moeda digital do banco central irá mesmo avançar.

Hélder Rosalino diz que “para ter capacidade de influenciar o desenho do chamado euro digital e capacidade de apoiar o sistema financeiro nacional caso o projeto avance, o Banco terá de participar ativamente na fase de investigação, que decorrerá até 2023, e na fase da implementação, operacionalizando a infraestrutura que vier a ser disponibilizada”.

No âmbito da emissão e tesouraria, o Banco de Portugal continuará a promover a adoção de medidas para uma utilização mais eficiente do numerário e para a redução do seu impacto ambiental, defendeu. “Perspetiva-se a possibilidade de serem implementadas medidas europeias de arredondamento de pagamentos em numerário e, consequentemente, de descontinuação da produção e emissão das moedas de um e dois cêntimos. Estas medidas, caso sejam aplicadas, concorrerão também para o aumento da eficiência do ciclo de vida do numerário no nosso País”, acrescentou.

Em matéria de gestão interna, “é prioritário continuar a apostar na inovação aplicada ao negócio e na promoção de uma organização data driven, impulsionada por uma arquitetura de dados moderna e por soluções de inteligência artificial. É ainda necessário evoluir para modelos avançados e cada vez mais robustos de cibersegurança e de continuidade de negócio, a partir da experiência vivida nos últimos anos”, defendeu Hélder Rosalino.

O administrador do BdP referiu ainda que “na área da comunicação e imagem, o Banco deverá desenvolver uma linha de atuação consistente e ambiciosa que lhe permita, até 2025, ser melhor compreendido pela sociedade, no que diz respeito às sua missão e funções, e percecionado como mais próximo dos cidadãos”.

Para aproximar o Banco e Portugal da sociedade, “será também importante incrementar as iniciativas de responsabilidade social, mantendo como prioridades a inclusão pela educação e o apoio às comunidades mais próximas do Banco”, realçou.

Assim, a filial, no Porto, as delegações Regionais da Madeira e dos Açores e as nossas agências pelo país “continuarão a ter um papel central no desempenho global do banco, não só pelo exercício crescente de funções descentralizadas, como pelo reforço da prestação de serviço às comunidades locais, constituindo um contributo efetivo do banco para a coesão territorial do país”, defendeu.

Hélder Rosalino garantiu também que “as regras de conduta e de ética continuarão a ser aperfeiçoadas, com a implementação do novo Regime Geral da Prevenção da Corrupção e a adoção de um mecanismo interno de proteção das pessoas que denunciam violações na atuação do banco e dos seus representantes, impondo-se a operacionalização de canais de denúncia eficientes, seguros e fiáveis”.

Por fim, “mas não menos importante, a garantia da autonomia financeira do Banco de Portugal deverá ser prioridade no âmbito da governação e gestão interna, em particular dada a perspetiva de continuação de um ambiente prolongado de taxas de juro baixas ou mesmo negativas”, disse Hélder Rosalino.

“Os principais desafios passarão pela procura de novas fontes de rendimento e pela adoção de um novo modelo de alocação estratégica dos ativos de gestão do banco. Deverão ainda ser aperfeiçoados os instrumentos de projeção e controlo dos resultados financeiros e definido o nível adequado de buffers financeiros”, concluiu.

Em suma, o administrador do Banco de Portugal considera que os próximos anos “continuarão a ser desafiantes”, mas o Banco de Portugal “está capacitado para os enfrentar e preparado para, no quadro da sua missão, continuar a apoiar o esforço coletivo de recuperação da economia portuguesa e o projeto de integração europeia”.

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