[weglot_switcher]

Henrique Granadeiro ouvido na CMVM

Ex-presidente da Portugal Telecom (PT) foi hoje chamada às instalações da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no âmbito de um processo de compra de papel comercial do Grupo Espírito Santo.
18 Abril 2018, 15h17

Henrique Granadeiro, (PT) foi ouvido na sede da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre o processo da compra de papel comercial do Grupo Espírito Santo. Em cima da mesa estão os 897 milhões de euros que a PT SGPS, hoje Pharol investiu na Rioforte , uma holding não financeira do GES que acabou por ir à falência.

A notícia foi avançada pela SIC Notícias e confirmada pelo Jornal Económico.

Em janeiro de 2016, Henrique Granadeiro tinha sido processado pela Pharol, juntamente com Zeinal Bava e Pacheco de Melo, também eles antigos administradores da PT SGPS, devido ao investimento na Rioforte.

Na altura a Pharol adiantou num em comunicado enviado à CMVM que a “violação dos respetivos deveres legais e contratuais, nomeadamente o dever de submeter a aprovação prévia, pelo Conselho de Administração, a realização de aplicações em instrumentos de dívida emitidos por sociedades integrantes do Grupo Espírito Santo [GES], bem como o dever de implementar um sistema de controlo interno adequado à existência de aplicações com tal natureza”.

O facto de a PT ter adquirido dívida de sociedades do GES levantou na altura várias questões sobre eventuais conflitos de interesses entre a empresa e seus accionistas (o GES detinha cerca de 10% do capital da operadora), bem como abriu a porta a suspeitas da existência de relações perigosas entre administradores da PT e do BES.

Em julho de 2014, o não pagamento da Rioforte à Portugal Telecom antecedeu a falência do GES e a intervenção do Estado no BES.

Foi também o default da Rioforte que acabou por ditar o fim do projecto de criação de um operador de telecomunicações que juntava interesses portugueses e brasileiros. Depois do incumprimento da Rioforte os acionistas brasileiros da Oi forçaram à aprovação em Assembleia Geral da PT SGPS a compra da dívida da Rioforte à Oi. Isso custa-lhe 12% do capital da nova empresa da fusão. A PT SGPS, hoje Pharol, acaba isolada com a dívida da Rioforte, e com uma posição de 27% na Oi (empresa hoje em Recuperação Judicial). A operadora PT fica na Oi que acaba por a vender à Altice.

Isso culminou com a saída do administrador executivo Zeinal Bava da brasileira Oi, em outubro de 2014, pouco mais de um ano após ter assumido a liderança. Seguiu-se à demissão do CEO da PT SGPS, Henrique Granadeiro.

Nos próximos dias a CMVM vai ouvir outros envolvidos no investimento de cerca de 900 milhões de euros da tesouraria da PT na dívida da Rio Forte.

(atualizada)

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.