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Homenagem: lágrimas e palmas no adeus

Mosteiro dos Jerónimos juntou anónimos, chefes de Estado estrangeiros, amigos e família do antigo Presidente.
13 Janeiro 2017, 04h05

As palmas ruidosas que acompanharam os últimos metros da viagem de Mário Soares deram lugar a um prolongado silêncio. Para trás tinham ficado os emocionados elogios fúnebres no Mosteiro dos Jerónimos, o banho de multidão no Rato, as homenagens prestadas pelos chefes de Estado estrangeiros. No Cemitério dos Prazeres, a urna do antigo Presidente tinha encontrado a última morada.

No dia do funeral, o filho João Soares chegou à Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, onde estava a urna do pai, acompanhado dos filhos, da mulher e do primo Eduardo Barroso, por volta das 10 horas. De pé, cumprimentou anónimos. No exterior do Mosteiro dos Jerónimos, milhares de pessoas engrossavam já as filas para prestar a última homenagem ao presidente falecido no sábado.

A popularidade do presidente agnóstico, laico e republicano foi visível no adeus. Alguns cidadãos limpavam as lágrimas, outros benziam-se defronte da urna. João Branco, piloto de aviões com 54 anos, aproveitou uma folga para prestar homenagem a Mário Soares. “Deixou-nos um legado de liberdade”, disse ao Jornal Económico. Anastácio Batista, um guineense de 38 anos que trabalha em energias renováveis em Portugal, esteve também na última despedida do antigo Presidente da República. Era “um grande político”, que “sempre pensou nos outros povo, sobretudo das ex-colónias”.

Pouco depois das 11 horas, as visitas à Sala dos Azulejos terminaram e apenas permaneceram no espaço alguns membros da família e amigos. A urna do ex-Presidente, ladeada por seis elementos das forças armadas, tinha apenas quatro coroas de flores. Uma do primeiro-ministro, António Costa, outra dos deputados, outra do Presidente da República. A última é dos filhos e dos netos, que expressam o seu “amor”.

Outras centenas de coroas dispersavam-se fora daquela sala, num dos corredores dos claustros, onde milhares de anónimos se confundem com figuras destacadas. O antigo ministro das Finanças Miguel Cadilhe era uma delas. “Foi o maior político português do século XX”, disse. É no claustro que será conduzida a homenagem fúnebre a partir das 13 horas, com intervenções dos filhos de Mário Soares, Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa. Com música do Coro do Teatro de São Carlos, a derradeira despedida de Mário Soares terminou com um poema: “Os dois sonetos de amor da hora triste”, da autoria de Álvaro Feijó. A declamá-lo estava Maria Barroso, que numa intervenção gravada fez a última homenagem ao seu companheiro de vida, antes de seguir para o Comitério dos Prazeres.

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