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Hong Kong: Chefe do Executivo saúda “regresso da paz” após lei de segurança imposta pela China

“A segurança nacional do nosso país foi protegida em Hong Kong e os nossos cidadãos podem mais uma vez exercer os seus direitos e liberdades em conformidade com a lei”, acrescentou.
  • Hong Kong
1 Outubro 2020, 08h48

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, saudou hoje o “regresso da paz” na cidade após a entrada em vigor da lei de segurança nacional imposta por Pequim, que ajudou a pôr fim ao movimento pró-democracia.

“Nos últimos meses, um facto indiscutível para todos é que a nossa sociedade está novamente em paz”, disse, no seu discurso de comemoração oficial no 71.º aniversário da fundação da República Popular da China.

“A segurança nacional do nosso país foi protegida em Hong Kong e os nossos cidadãos podem mais uma vez exercer os seus direitos e liberdades em conformidade com a lei”, acrescentou.

Em junho, a resposta de Pequim aos protestos que se arrastavam há um ano em Hong Kong surgiu com a imposição da lei da segurança nacional na região administrativa especial chinesa, o que levou ativistas a refugiarem-se no Reino Unido e em Taiwan.

Aquela lei pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.

Milhares de polícias de intervenção foram destacados hoje nas ruas de Hong Kong para impedir qualquer manifestação pró-democracia em larga escala no dia nacional da China.

Cerca de 6.000 foram mobilizados para a ocasião, disse uma fonte policial à agência France-Press (AFP), o dobro do número normalmente requisitado quando as autoridades esperam manifestações.

A República Popular da China celebra a sua criação a 01 de outubro, um feriado público que dá origem a festividades oficiais altamente regulamentadas.

Mas, em Hong Kong, este feriado nacional é também uma oportunidade para uma parte da população expressar a sua raiva perante o desejo de Pequim de fazer recuar as liberdades garantidas da antiga colónia britânica.

Helicópteros exibindo bandeiras chinesas e de Hong Kong sobrevoaram o território, com Carrie Lam e funcionários chineses a participaram numa comemoração oficial no centro de exposições da ilha.

No ano passado, o 70.º aniversário da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de confrontos violentos entre manifestantes e polícias.

Este ano, as autoridades proibiram todas as manifestações por razões de segurança e em conformidade com as medidas de combate ao coronavírus, que impedem a concentração pública de mais de quatro pessoas.

Quatro membros de um movimento de oposição lançaram slogans pró-democracia perto do centro de exposições onde a cerimónia oficial foi realizada na manhã de hoje.

Os ativistas pró-democracia têm apelado à realização de comícios do tipo “flash mob” nas redes sociais.

De manhã, a polícia começou a revistar veículos que percorriam um dos túneis de acesso mais importantes de Hong Kong.

Pelo menos cinco pessoas foram detidas esta semana por suspeita de terem cometido atos violentos, disse a polícia de Hong Kong.

Mais de 10.000 pessoas foram detidas por participarem em protestos nos últimos 16 meses, juntamente com vários líderes pró-democracia.

Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos do ativismo pró-democracia em Hong Kong, foi detido na passada quinta-feira por ter participado numa manifestação em 2019. O ativista foi, entretanto, libertado.

A mobilização foi muito forte até ao final do ano passado com manifestações que chegaram a ter dois milhões de pessoas.

Mas estas milhares de detenções, e especialmente a chegada do coronavírus, conseguiram asfixiar o movimento no início do ano.

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