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Horários, salários e precariedade: os fatores que afastam trabalhadores da hotelaria da Madeira

Este é o entendimento do Sindicato da Hotelaria da Madeira. O presidente da estrutura sindical acredita que 50% dos trabalhadores do setor têm como origem empresas de outsourcing, trabalho temporário, e contratos a prazo, uma situação que leva à quebra no serviço prestado, alerta o sindicato.
18 Setembro 2018, 07h45

Horários, salários e precariedade são os fatores identificados pelo Sindicato da Hotelaria da Madeira, ao Económico Madeira, que têm levado os trabalhadores a se afastar do setor.

O presidente da estrutura sindical, Adolfo Freitas, teme que 50% dos trabalhadores da hotelaria têm como origem empresas de ‘outsourcing’, empresas temporários ou são contratados a prazo.

“Não percebemos qual é o futuro da hotelaria. A qualidade do serviço está ameaçada”, confessa Adolfo Freitas, ao avançar com estes números. Este cenário fica ainda mais difícil de explicar, diz o dirigente sindical, quando se está num setor que necessita de mão-de-obra.

“Se se precisa de mão-de-obra na hotelaria é necessária estabilidade”, alerta o dirigente sindical.

A esta instabilidade junta-se ainda os horários como outro factor que têm afastados muitos da hotelaria. Para Adolfo Freitas turnos entre, as 08h00 e as 12h00, e as 17h00 e as 23h00, não são um bom convite ao ingresso no setor, ainda para se estivermos a falar de um trabalhador com família, a que acresce ainda a componente salarial.

“Um recepcionista, de 1ª categoria, num hotel de cinco estrelas, recebe 904 euros. Se for num de quatro estrelas é de 719 euros. Se for empregado de mesa de 1ª categoria, num hotel de cinco estrelas, recebe 753 euros, se for num de quatro estrelas recebe 623 euros”, clarifica o sindicalista.

O acordo obtido entre sindicatos e tutela que fixa o salário mínimo em 600 euros, no entender de Adolfo Freitas, não vêm ajudar a resolver esta questão.

O sindicalista diz que este acordo não deve chegar a mais de 100 trabalhadores, e esta é uma estimativa por excesso, refere o dirigente.

“Aqui estão incluídos estagiários, aprendizes, e categorias à experiência por seis meses”, conta Adolfo Freitas.

Quando confrontado com os mais recentes números sobre o turismo regional em que se registam quebras em mercados como a Grã-Bretanha e a França, em que se assiste a uma quebra nas dormidas, Adolfo Freitas, apresenta cautelas, referindo que o turismo tem um efeito de elevador, e que por isso “não há necessidade” para criar alarmismos.

“A descida nas dormidas não quer dizer que haja menos receitas”, explica. Em termos hipotéticos, um cenário mais gravoso, para a Madeira seria uma eventual perda de operadores turísticos, refere o sindicalista, tendo em conta a recuperação desses operadores iria demorar mais tempo.

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