Hospitais em Paris deverão atingir capacidade máxima nas próximas 48 horas

Os números de casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus não param de aumentar e em Paris, caso a situação se mantenha, ou se agrave, irá fazer com que os hospitais atinjam capacidade máxima já nas próximas 48 horas. A garantia foi dada pela Federação Francesa dos Hospitais esta sexta-feira, que informou ainda que prevê-se que o pico do surto chegue apenas em meados de abril.

“Estaremos no limite das nossas capacidades em 24 ou 48 horas. Precisamos ser solidários entre regiões, hospitais e aumentar o número de transferências de pacientes” referiu Frederic Valletoux, presidente da federação à televisão francesa “BFM TV”.

O centro e os subúrbios de Paris somam cerca de um quarto dos 29 mil casos confirmados com Covid-19 em França, estando 1.300 pessoas internadas nos cuidados intensivos nos hospitais parisienses. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde davam conta de 1.696 mortes e mais de 4 mil confirmados.

“Claramente vamos precisar de ajuda na Ile-de-France [uma das 13 regiões administrativas de Paris], porque o que aconteceu no leste  está a chegar aqui”, acrescentou Valletoux.

Valletoux referia-se à região de Grand Est, onde ocorreu o primeiro grande agrupamento de casos confirmados e onde os hospitais já estão sobrecarregados, com o exército a dar apoio e a transferir alguns pacientes em estado mais crítico para outras cidades.

As autoridades em Paris têm se esforçado para requisitar mais materiais sanitários e higiénicos, camas de cuidados intensivos, ventiladores e equipa médica ao mesmo tempo que tenta aliviar a carga dos hospitais parisienses ao distribuírem a carga de pacientes por outras cidades.

O presidente Emmanuel Macron impôs a 17 de março uma quarentena obrigatória para estancar a disseminação do vírus, mas os médicos dizem esperar uma onda de casos na próxima semana depois de milhares de franceses terem saído há rua, há cerca de 15 dias, para irem votar nas eleições autárquicas

Jovem de 16 anos morre quatro dias depois de manifestar sintomas

Uma jovem de 16 anos morreu hoje com Covid-19 em França, tornando-se na vítima mais jovem do novo coronavírus no país.

A jovem, identificada como Julie A., vivia num subúrbio parisiense. A sua mãe, Sabine, falou à AFP, onde garantiu que a sua filha apresentava apenas sintomas ligeiros, mas, ainda assim, associados à Covid-19. “Ela só tinha tosse”, contou a mãe em declarações àquela agência.

A tosse apareceu há uma semana, tendo a família tentado curá-la com xarope e vapores. Depois, no sábado (21 de março) começou a ter problemas respiratórios. No dia a seguir, numa clínica privada em Paris, foi-lhe diagnosticada uma insuficiência respiratória “aceitável”.

Julie foi levada para um hospital generalista e no mesmo dia para um Hospital Pediátrico Necker, onde lhe fizeram dois testes à Covid-19. Deram ambos negativos. Na terça-feira (24 de março), Julie foi transferida para a unidade de cuidados intensivos.

Porém, na noite de terça-feira, receberam uma chamada em casa: um terceiro teste tinha dado positivo. Julie tinha Covid-19. Por volta da 1h00 de quarta-feira Julie morrera.

“Vocês não são invencíveis”

Organização Mundial de Saúde alertou os jovens que respeitassem as medidas de segurança impostas pelos respetivos governos e que tomassem devidas precauções sanitárias para evitar a propagação do virus, sublinhando que idade não é um favor determinante no que toca ao contágio do vírus.

Durante uma conferência de imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus anunciou: “Tenho uma mensagem para os jovens. Vocês não são invencíveis. O coronavírus pode deixar-vos no hospital durante semanas, ou até mesmo matar-vos. Mesmo que não adoeçam, as escolhas que fazem podem fazer a diferença entre a vida ou a morte para outra pessoa qualquer”.