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Hospitais estão prontos para iniciarem a nova fase de desconfinamento

Novos procedimentos para grávidas e recém-nascidos, e para acompanhantes, bem como o reforço das unidades hospitalares para enfrentarem a nova fase de desconfinamento que começa amanhã, foram as medidas anunciadas na conferência de imprensa dominical sobre a situação da Covid-19 em Portugal. Na véspera da nova fase, a ministra Marta Temido, não compareceu aos esclarecimentos públicos.
  • Graça Freitas, diretora-geral da DGS, e António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde
17 Maio 2020, 14h40

“Estamos prevenidos e preparados para enfrentar imprevistos e estamos a reforçar os serviços e a segurança dos hospitais”, referiu a responsável da DGS, Graça Freitas, na conferência de imprensa diária sobre a situação da Covid-19 em Portugal. A próxima semana vai reintroduzir uma atividade mais recorrente dentro dos serviços de saúde e das unidades hospitalares, retomando uma agenda mais próxima da cadência normal das marcações de atos hospitalares. Entre as práticas que tinham sido alteradas encontram-se os tratamentos de fertilidade – que estiveram suspensos durante dois meses – e as questões de segurança dos acompanhantes das grávidas. Este domingo, a conferência de imprensa não teve a participação da ministra da Saúde, Marta Temido.

Os serviços das unidades hospitalares vão ser reforçados esta semana, bem como os procedimentos a adotar em várias especialidades médicas, como é o caso do acompanhamento de grávidas e de recém nascidos. “Estamos a ultimar os detalhes articulados entre obstetras e neonatologistas sobre os procedimentos das grávidas e dos recém-nascidos. Estamos nos afinamentos para os seguimentos das crianças recém-nascidas, e para a semana já haverá novas regras claras que permitem garantir a segurança de todos”, revela Graça Freitas.

“De igual forma serão reforçados os serviços de saúde prestados pelo SNS, também ao nível dos tele rastreios e das tele consultas, bem como o reforço dos horários de atendimentos com o agendamento marcado – onde se incluem as cirurgias de ambulatório e as cirurgias programadas”, refere Graça Freitas.

Na véspera de Portugal iniciar uma nova fase efetiva de desconfinamento, Lacerda Sales, apelou a que os portugueses e o país não devem ser arrastados pelo medo da covid-19 de forma a que possam ficar paralisados. Pelo contrário. O secretário de Estado considera que a nova fase em que a sociedade vai viver a partir de amanhã, segunda-feira, 18 de maio, deve tornar os cidadãos portugueses “mais atentos e vigilantes”, porque segunda-feira todos entramos numa nova fase de desconfinamento “em que a responsabilidade dos portugueses é tão determinante como tem sido até aqui”.

“O medo não nos deve paralisar”, apela o secretário de Estado

“O medo não nos deve paralisar, mas sim tornar mais atentos e vigilantes na nossa missão coletiva de zelar pela nossa saúde e pela de quem nos rodeia”, apelou Lacerda Sales. Com Portugal a registar este domingo, 17 de maio, 1.218 mortes relacionadas com a covid-19, mais 15 do que ontem, sábado, e 29.036 infetados, mais 226, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção Geral da Saúde à hora de almoço de domingo.

Apesar da segunda fase de desconfinamento que amanhã começa, as atitudes individuais e coletivas que os portugueses vão adotar a partir desta segunda-feira não anulam o dever cívico de recolhimento, tendo presente que foi prorrogado o estado de calamidade pública.

Sem valorizar particularmente a questão da certificação das máscaras – atendendo ao recente problema da inexistência de certificação válida por parte de um conjunto de três milhões de máscaras compradas pela DGS – , Graça Freitas referiu que “todas as máscaras devem ser adquiridas através de regulamentação própria, em processos fiscalizados por várias entidades, entre as quais a ASAE, o que dá garantias”. O secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales diz que “as máscaras que não estão em conformidade não foram distribuídas”, admitindo que durante a próxima semana este assunto deva estar esclarecido.

Vírus pode desaparecer? “Quando entra, é como uma nova dinastia”, diz Graça Freitas

Também a questão de saber se o vírus pode desaparecer sem uma vacina, não foi muito desenvolvida. “Não considero essa informação com transparência”, comentou Graça Freitas. Relativamente a respostas que remetem para a OMS, Graça Freitas diz que “é apenas uma teoria. Um novo vírus quando entra é como se fosse uma nova dinastia, torna-se endémico. Só tivemos uma vez desaparecimento de um vírus, em 1980, com a vacina da varíola. Se não acontecerem mutações importantes, vamos ganhando imunidade e o vírus torna-se menos agressivo. Mas se tivermos uma vacina, será melhor”, diz.

Também foi abordada a questão de saber se há vantagens efetivas em pulverizar desinfetante na rua e de ter a confirmação de que essa prática elimina o risco do vírus, sem provocas riscos sanitários. Graça Freitas referiu a este respeito que a DGS já tinha dado a orientação de que a pulverização pública não elimina riscos e não garante que não haja efeitos tóxicos. “Não está provado que seja eficaz”, referiu a responsável pela DGS, admitindo que os produtos utilizados nas pulverizações “podem ter efeitos desaconselhados”.

“Não temos nada contra a higienização da via pública”, adianta, embora admita que “pode ter efeitos secundários”. Por isso, diz, “não temos recomendado essa medida. Já a limpeza, como a limpeza de uma secretária, ou de uma sala, é uniforme e eficaz e não tem efeitos contra-indicados”.

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