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Iberia pressiona a redução do preço da Air Europa sob ameaça de não concluir aquisição

A companhia espanhola, assolada por fortes perdas este ano, está a reavaliar o negócio da compra da Air Europa, procurando um corte de 50% no preço da transportadora aérea. Sindicatos e especialistas questionam-se sobre o sentido da operação.
31 Julho 2020, 15h23

A Iberia tem pressionado a Globalia para que esta baixe o preço da Air Europa, companhia que estava na calha para ser adquirida pelos espanhóis, mas que agora está a ser desvalorizada no negócio, reporta o jornal “El Economista”. A IAG, a holding resultante da fusão entre a British Airways e a Iberia, pede que o preço se ajuste às condições vividas de momento, para que o negócio “faça sentido”.

“No contexto atual, o acordo assinado carece de sentido, pelo que trataremos de negociar umas condições diferentes que se adeqúem à nova realidade”, disse Luis Gallego, o ainda presidente da Iberia e futuro conselheiro da IAG. “Se conseguirmos chegar a um ponto que seja vantajoso para ambas as partes faremos a operação, mas se não o conseguirmos, não a faremos”, completou.

Para que se conclua a operação, a Iberia e a holding que a detém apontam para uma descida de 50% no custo, passando dos mil milhões acordados em novembro para 500 ou 600 milhões de euros. Além disso, a IAG não possui liquidez de momento para completar a compra, pelo que teriam de ser negociados termos de pagamento alternativos.

Apesar de continuar a defender “ganhos estratégicos e financeiros consideráveis tanto para a IAG como para os acionistas”, as posições da Iberia e da Air Europa são bem diferentes do que eram há uns meses, quando se ultimou o negócio. Refletindo a tendência geral do mercado da aviação civil, a Iberia registou perdas operacionais de 867 milhões de euros no primeiro semestre do ano, valor que contrasta com os 109 milhões de lucro do mesmo período do ano passado. Além disso, a venda de bilhetes da Iberia desceu 47,7% no primeiro semestre do ano, em termos homólogos.

Da Air Europa não são conhecidos publicamente números operacionais, sabendo-se apenas que a empresa negociava um resgate com o governo belga e que os planos de retoma dos voos de longo curso foram interrompidos pelos surtos nos Estados Unidos.

Esta impossibilidade de retomar o longo curso é um dos argumentos invocados por vários especialistas para defender a falta de sentido da compra. “A operação cada vez tem menos sentido para a Iberia. A companhia vai sair muito afetada do verão pela falta de turistas”, diz ao El Economista Roman Andreu, consultor especialista em aviação. “Há um mês parecia bem gastar 500 milhões na compra da Air Europa, mas agora como estão as coisas e com as dúvidas sobre o longo curso, parece não ter sentido”, concluiu. Também o maior sindicato de aviação do Reino Unido, o Unite, se mostrou contra a ideia.

Por sua vez, a IAG acredita que a Air Europa poderá trazer muito valor no médio e longo prazo e que a operação tem valor estratégico ao reforçar o hub de Madrid e permitir competir com os grandes pólos europeus, à medida que contribui para a internacionalização e competitividade espanholas.

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