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Imune ao drama italiano, Portugal vai ao mercado emitir dívida para reembolsar o FMI

O Tesouro vai tentar vender ate 1.250 milhões de euros em dívida a cinco e 10 anos, com o propósito de fazer mais um pagamento antecipado ao FMI. A dívida portuguesa não está a ser contagiada pelo diferendo em a UE e Itália e a emissão custar uma taxa de menos de 2% a 10 anos e de 0,8% na maturidade mais curta.
  • Cristina Bernardo
14 Novembro 2018, 07h25

O propósito é explícito – pagar taxas mais baixas para fazer um novo reembolso antecipado do custoso empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) – e as condições são favoráveis, pois a dívida soberana portuguesa permanece indiferente à disputa entre Roma e Bruxelas centrada no orçamento italiano.

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública vai esta quarta-feira ao mercado para emitir entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e a 10 anos, com os resultados a serem divulgados a partir das 10h30.

“As duas emissões devem correr sem qualquer sobressalto, quer na taxa, quer na procura. A taxa da dívida a 10 anos deve ficar abaixo dos 2% e a taxa da emissão a cinco anos deve ficar abaixo dos 0,8%, que são os níveis a que estão no mercado secundário”, explicou Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa, ao Jornal Económico.

Na quarta-feira, as OT portuguesas a 10 anos negociavam, em mercado secundário, a um taxa de 1,953%, enquanto na maturidade a cinco anos a yield era de 0,757%.

O último leilão de OT a 10 anos aconteceu a 10 de outubro, quando o IGCP colocou 782 milhões de euros, com uma taxa de juro em 1,939%, o que representou um agravamento nos custos de financiamento do país para máximos de oito meses. A procura superou a oferta em 2,78 vezes. No caso da dívida a cinco anos, a última emissão comparável é de 12 de setembro, sendo que o Tesouro colocou 328 milhões de euros com uma taxa de juro de 0,647%. Na altura, a procura foi 3,76 vezes superior à oferta.

“É muito positivo o país estar a emitir dívida longa (neste caso dívida de médio e de longo prazo) a taxas historicamente baixas. Isto é que permite reduzir o custo médio da dívida pública portuguesa” sublinhou Filipe Silva. “Aguardamos que seja um sucesso, ainda para mais quando na dívida a 10 anos nem sequer tem havido alargamento do spread face à dívida europeia”.

As atenções do mercado de dívida soberana na zona euro têm estado centradas em Itália nas últimas semana, após a Comissão Europeia ter tomado a decisão inédita de rejeitar a proposta de Orçamento do Estado para 2019. Segundo Bruxelas, a meta do défice (2,4% do PIB) e da dívida (132% do PIB),  propostas pelo governo liderado por Matteo Salvini infringem as regras portuguesas.

Filipe Silva referiu que a dívida portuguesa tem estado à margem da  do risco italiano e acompanha sobretudo a curva da dívida soberana europeia. “Não se pode dizer que tem estado a ser penalizada”, vincou.

O  secretário de Estado Adjunto e das Finanças Ricardo Mourinho Félix já tinha anunciado, em entrevista ao Jornal Económico a 19 de outubro , que o Governo pretendia pagar mais dois mil milhões ao FMI ainda este ano.

Questionado sobre a estratégia das Finanças neste aspecto, Filipe Silva afirmou que vê benefícios, “uma vez que Portugal consegue emitir para prazos longos com taxas mais baixas, faz todo o sentido amortizar onde estamos a pagar taxas mais altas”.

 

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