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Inditex volta a estar contra as tendências: comprou instalações na Catalunha

Grupo fundado por Amancio Ortega nunca se confinou aos shoppings nem nunca transferiu o grosso da produção para a China. Agora, quando outras empresas fogem da Catalunha, investe no território da autonomia.
8 Fevereiro 2018, 15h03

Um dos segredos da Inditex foi sempre o de andar ao arrepio das modas (da gestão). Quando todas as grandes marcas de pronto-a-vestir desistiram quase completamente do comércio de rua – indo acolher-se no conforto dos shoppings, que proliferaram por todas as cidades de grande e média dimensões da Europa – a Inditex manteve a sua aposta na rua.

Em Portugal, por exemplo – o país que o fundador do grupo, Amancio Ortega, escolheu para iniciar o processo de internacionalização – foi na rua que a Zara se instalou inicialmente. E ainda hoje, apesar dos investimentos em vários shoppings, ainda lá está.

Mais tarde, quando as empresas têxteis começaram a deslocalizar a produção para o oriente – China e Vietname, principalmente, na procura de salários indizivelmente baixos e custos de produção imensamente reduzidos face à Europa – a Inditex foi das poucas que não ‘embarcou’ na moda: manteve a produção, ou parte substancial dela, na Europa – nomeadamente no norte de Portugal.

Essa decisão foi, aliás, uma verdadeira tábua de salvação para muitas indústrias (e muitos empregos): não as salvou a todas, seria impossível, mas sustentou a sobrevivência de muitas famílias portuguesas.

Agora, e mais uma vez, o grupo galego – e apesar de Amancio Ortega já não estar diretamente encarregado da sua gestão – volta a gerir ao arrepio do mercado: numa altura em que centenas de empresas, grupos internacionais e instituições financeiras já abandonaram, pretendem vir a abandonar ou ameaçam abandonar a Catalunha – na tentativa de contribuírem para vencer os independentistas – a Inditex anunciou que vai investir na autonomia.

A Inditex anunciou a compra, ao fim de dois anos de negociações, de 22 mil metros quadrados na Catalunha, mais propriamente em San Adrián de Besós (Barcelona). A parcela pertencia à empresa Schott Ibérica, que se dedicava ao fabrico e comercialização de tubos de vidro para uso farmacêutico.

As instalações estavam fechadas desde 2014 e, a partir desse momento, várias empresas mostraram interesse em comprá-las, embora nenhuma das ofertas tivesse sido bem-sucedida. A operação foi intermediada pela consultora imobiliária JLL – que também opera no mercasdo português e a multinacional têxtil disse que ainda não definiu o que vai instalar no seu novo espaço.

No entanto, o grupo disse em várias ocasiões que pretendia associar à sede da Bershka (uma das suas marcas) em Barcelona investimentos mais vultuosos, que permitissem o desenvolvimento da Inditex no território catalão. A intenção é a de manter instalações a muito poucos minutos de Barcelona – numa estratégia, a da proximidade e de baixos custos de ‘stocagem’, que, precisamente, esteve por trás da decisão de não investir em demasia nos paraísos orientais dos baixos custos de produção.

O grupo Inditex – que possui um total de sete centros de logística em toda a Espanha – parece não se dar mal com esta sua visão diferente do mercado em que opera. As regiões e os países onde o grupo opera também não.

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