Portugal pode ter entrado na chamada “armadilha de países de rendimento médio”, dada a estagnação da sua economia nas últimas décadas, sendo que as alterações ao paradigma global através da tecnologia e inovação, os fundos europeus e a posição geográfica do país poderão ser uma oportunidade para quebrar este ciclo, afirma um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
O estudo, que contou com a liderança do economista Fernando Alexandre, defende que o país aposte forte na criação e transmissão de conhecimento e na inovação, dois elementos considerados fulcrais para a afirmação de uma economia no modelo global do futuro.
Assim, a automação, o novo paradigma energético, a extensão da plataforma continental e os fundos europeus são “ventos que favorecem” uma mudança de paradigma de desenvolvimento económico em Portugal, uma estratégia que se torna ainda mais relevante se considerarmos que a estagnação do país nas últimas décadas torna provável que este tenha caído na chamada “armadilha de países de rendimento médio”.
Esta caracteriza-se por períodos longos de fraco crescimento económico, com um país a ficar preso num nível intermédio de desenvolvimento.
Torna-se fundamental fomentar um maior investimento no país, nomeadamente de origem estrangeira, de forma a aumentar a participação da economia portuguesa nas cadeias de valor global. Atualmente, o país é dos Estados-membros da UE com menos presença nestas cadeias, apesar do seu potencial em termos logísticos na vertente aérea e marítima, onde poderia servir de ponte entre a Europa e as Américas, por exemplo.
Por outro lado, é também fulcral captar atividades de investigação e desenvolvimento (I&D), refere o estudo, de forma a poder subir nas cadeias de valor das várias indústrias mundiais. Para isto, o país deverá dispor de uma rede de universidades e centros de investigação que inclua instituições de referência, o que também atrairá os melhores alunos e técnicos das suas respetivas áreas de formação.
“No contexto de acelerada mudança, o Estado deve criar condições para que os trabalhadores possam deslocar-se para os sectores e regiões onde existem mais empregos e melhores salários. Assim, deve ser promovida a proteção social para os trabalhadores, independentemente do seu vínculo laboral, o acesso a programas de qualificação e requalificação e condições que favoreçam a mobilidade no acesso a transportes e habitação”, defende este relatório, uma dimensão que tem de ser complementada por mercados financeiros sólidos e saudáveis que permitam o investimento e o crescimento das atividades produtivas do país.
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