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Inquérito aos funcionários públicos mostra que PS se acha “dono do Estado”, acusa CDS-PP

“Olhando para o teor de algumas perguntas, considero que o Partido Socialista continua a achar que é dono do Estado. E não é, a função pública é função de todos os portugueses, não é de um único partido político”, disse o deputado aos jornalistas, em conferência de imprensa na Assembleia da República.
8 Agosto 2019, 14h58

O deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares acusou hoje o PS de “achar que é dono do Estado” e de usar meios estatais, nomeadamente o inquérito sobre questões motivacionais dirigido aos funcionários públicos, para fazer campanha eleitoral.

“Olhando para o teor de algumas perguntas, considero que o Partido Socialista continua a achar que é dono do Estado. E não é, a função pública é função de todos os portugueses, não é de um único partido político”, disse o deputado aos jornalistas, em conferência de imprensa na Assembleia da República.

Questionado sobre o inquérito, que foi hoje suspenso temporariamente, o centrista assinalou que se aproxima a campanha eleitoral para as legislativas de 06 de outubro e frisou que “não pode valer tudo, não pode valer usar os meios do Estado para fazer campanha eleitoral”.

“E por isso mesmo, se calhar sugiro eu uma pergunta ao primeiro-ministro. Quem é que inscreveu aquelas perguntas, quem é que autorizou que aquelas perguntas fossem feitas e o que é que o primeiro-ministro vai fazer para assacar responsabilidades a quem permitiu que aquelas perguntas fossem feitas?”, rematou Mota Soares.

O Governo anunciou hoje a “suspensão temporária” do inquérito sobre questões motivacionais dirigido aos funcionários públicos, por considerar que “a elevada visibilidade” do tema em período pré-eleitoral pode “comprometer a fiabilidade dos resultados”.

“Considerando que a elevada visibilidade do assunto em período pré-eleitoral pode comprometer a fiabilidade dos resultados, inviabilizando todo o inquérito e a comparabilidade com os resultados obtidos em 2015, o Governo determinou a suspensão temporária do inquérito e que o preenchimento dos questionários e as fases subsequentes sejam retomados após as eleições legislativas marcadas para dia 06 de outubro”, lê-se num comunicado divulgado pelo gabinete do ministro das Finanças.

Na nota, o ministério de Mário Centeno refere que “o Governo tomou conhecimento esta semana do lançamento da segunda edição de um inquérito sobre questões motivacionais promovido pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP)”, um questionário “dirigido a todos os trabalhadores em funções públicas” e que “aborda um conjunto de questões relacionadas com a motivação no trabalho, nomeadamente decorrentes da ação governativa”.

Em causa está a segunda edição de um inquérito que foi pela primeira vez lançado em 2015, mas que, desta vez questiona os funcionários públicos sobre se “o período da ‘troika’ influenciou negativamente” a sua motivação no trabalho e se a “reposição dos salários afetou positivamente” essa motivação.

Entre as questões novas está ainda uma que procura saber se “o descongelamento progressivo das carreiras é motivador” e outra sobre se o trabalhador se sente “hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos atrás”.

Relativamente aos motivos que levaram a incluir nesta segunda edição este tipo de questões e as razões para que tenha sido escolhido um horizonte temporal de cinco anos para os funcionários públicos compararem com a motivação que sentem atualmente, fonte oficial da DGAEP referiu à Lusa que este foi considerado um “lapso de tempo adequado”.

“Sendo um ‘follow up’ do questionário realizado em 2015, adotou-se como referência o período de cinco anos por se considerar ser um lapso tempo adequado para os trabalhadores se pronunciarem tendo presentes os factos desse período temporal, mas já com distanciamento necessário para responder com maior objetividade”, sublinhou aquela fonte.

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