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Insurtechs dominadas por ecossistemas líquidos

Nos seguros há novos modelos de negócio com os vários atores, seguradores e insurtechs, a conectarem-se para disponibilizar serviços disruptivos, afirma Nuno Castro, ‘head of insurance’ na everis Portugal.
25 Maio 2020, 13h37

Os ecossistemas líquidos nos seguros vão permitir “simplificar e enriquecer a relação com os seguradores e a sua cadeia de valor”, diz Nuno Castro da everis Portugal. A base da conversa foi a recente apresentação do “Global Insurtech Outlook Report”, elaborado pelo grupo NTT Data e everis, que analisa as tendências e desafios para o ecossistema de startups no mercado de seguros.

A nível global os números são impressionantes, com cerca de cinco mil startups bem-sucedidas a nível mundial, sendo que o valor investido em insurtechs em 2019 superou os 6,3 mil milhões de dólares (cerca de 5,7 mil milhões de euros), mais 58% do que aquilo que foi aplicado nos dois anos anteriores. O relatório indica ainda que as tecnologias onde mais se investiu foi na cloud, mobile & applications, IA e IoT. Diz ainda o relatório que as insurtechs “têm contribuído para a redefinição do ecossistema de mobilidade inteligente, onde as grandes operadoras de telecomunicações detêm um papel central no investimento em larga escala”. Adianta que na análise global, e na análise aos últimos dois anos, cerca de 78% dos investimentos em startups deste setor concentraram-se em quatro grandes empresas com cada uma delas a receber uma média de 127 mil milhões de dólares de financiamento.

Sobre Portugal, Nuno Castro diz que “tem surgido um grupo interessante de insurtechs de elevado potencial”, tendo alimentado a oferta de apoios especializados, a saber: incubação, aceleração e investimento. Entre os exemplos enunciados pelo gestor está a insurtech Lovys, que é um exemplo de escalabilidade. Nuno Castro salienta o facto de o relatório “Global Insurtech 2020” apontar tendências e uma “verdadeira revolução como os produtos serão lançados, assim como a personalização dos mesmos”. Diz ainda que daqui decorre a necessidade de os seguros “serem mais ágeis e de os negócios terem de se adaptar aos novos modelos”. E dá o exemplo do carsharing, sendo que os seguros terão de se reinventar numa nova forma de cálculo do prémio, substituindo a apólice anual. Outro exemplo é o aparecimento de assistentes virtuais, através de chatbots ou agentes com determinadas ferramentas e indicadores que lhes permitam gerar mais informação. Existe ainda o exemplo dos seguros de saúde com o tema dos médicos remotos com as teleconsultas.

Sobre os seguradores nacionais, o gestor diz que estes “estão a entender estas necessidades e que o aparecimento da Fintech House permite o crescimento das insurtech”. No que respeita ao relacionamento entre seguradores e insurtechs, Nuno Castro afirma que se tem assistido a um “modelo híbrido” e dá o exemplo da Ageas Portugal com a H-Farm, que faz o trabalho conjunto de rondas. Afirma ainda que os projetos à medida que se vão desenvolvendo “vão aproximando os seguradores” e adianta que a everis tem “um programa de colaboração de startups para a criação de oferta de valor”. O mercado de startups é global e as empresas nacionais estão a alavancar na rede global.

O gestor da everis classifica o mercado nacional como tendo “grande maturidade, mas com falta de escalabilidade”. E sobre Portugal afirma que,com a recente pandemia, 29% das startups perderam metade das receitas e as rondas não se fizeram. Salienta que “há um grande esforço por parte desta massa criativa para se reinventarem, como é o caso do seguro automóvel com o pagamento pay-per-mile. Ou ainda as solicitações de customer service com chatbots a interagir com os seguradores, personalizando o entendimento”, e conclui afirmando que a doença Covid-19 levou à “aceleração da utilização de startups que existem no mercado”.

Voltando ao tema dos ecossistemas líquidos, o relatório da NTT Data e da everis indica que a simplificação e a relação entre segurador e cadeia de valor se baseia em três eixos. Desde logo no healthy living, ou seja, na forma como os clientes pretendem viver amanhã, e na qual incluem os serviços de saúde, a prevenção e a planificação financeira. Depois com o eixo smart mobility, que diz respeito às novas formas de transporte diário e às compras online; e, por último, o eixo home safe home, que estuda tudo o que “gravita à volta de como vivem as pessoas e a transferência de risco para o lar” com o teletrabalho.

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