A maioria dos empregos está a tornar-se commodities. Vivemos numa era de automação, na qual robôs e computadores não só conseguem realizar uma série de atividades rotineiras de uma forma melhor e mais barata do que os humanos, como também são cada vez mais capazes de realizar atividades que incluem capacidades cognitivas.

Os “bons empregos” nunca estiveram tão ameaçados como agora; com o progresso acelerado da Inteligência Artificial e Machine Learning, os empregos de colarinho branco estão a tornar-se obsoletos.

O banco de investimento JPMorgan anunciou recentemente o programa COIN (Contract Intelligence), que interpreta acordos de empréstimos comerciais, atividade que normalmente consumia 360 mil horas aos advogados por ano. O software revê os documentos em segundos e é menos propenso a erros, tendo ajudado a reduzir os erros de manutenção dos empréstimos, a maioria resultante de erro humano na interpretação de 12 mil novos contratos por ano.

Em suma, os empregos tradicionalmente bem pagos estão a tornar-se meras commodities graças à sua automatização.

Na maioria das vezes, fala-se sobre este assunto com demérito, mas na verdade é uma excelente oportunidade para libertar as pessoas de tarefas de baixo valor, para que se concentrem em tarefas de valor acrescentado.

O poder crescente destas tecnologias está a desafiar, não só como as organizações funcionam, como também quais as capacidades de que os seus funcionários precisam para serem bem-sucedidos.

Existe uma grande preocupação com a Inteligência Artificial, um campo que acredita que o futuro da computação é um sistema autónomo que pode ser ensinado a imitar/substituir funções cognitivas humanas, mas a preocupação pessoal em automatizar tarefas rotineiras de baixo valor, que facilmente podiam ser realizadas com ferramentas simples e mais adequadas para esse efeito, é quase nenhuma.

Sempre que fazemos algo repetitivo, devemos dar mais um passo para a sua automatização.

Num estudo realizado no início de 2016 sobre os fluxos de trabalho de várias pessoas, os seus autores concluíram que “ficou claro que os participantes não usavam nem procuravam ferramentas especializadas e adaptadas para atingir os seus objetivos específicos”.

Em vez de estarmos preocupados com tecnologias que nos imitam, como as de Inteligência Artificial, devemos focar-nos em tecnologias de Intelligence Augmentation (IA), que amplifiquem as nossas qualidades e capacidades, fazendo com que sejamos mais “inteligentes”, permitindo-nos ter a capacidade de lidar com mais problemas, mais tarefas e mais informações.

Se concluir que o seu trabalho é comum e repetitivo o suficiente para ser feito por uma máquina, então está na hora de procurar um trabalho menos comoditizado.