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Interligação elétrica ibérica com o resto da Europa continua a ser relevante, defende ERSE

Atualmente, Portugal e Espanha têm 15% de capacidade de interligação elétrica à Europa. Em cima da mesa continua a hipótese de criar uma interligação entre a Península Ibérica e outros parceiros europeus, nomeadamente com França.
7 Outubro 2020, 12h51

O funcionamento do Mercado Ibérico de Electricidade, mais conhecido pelo seu acrónimo MIBEL, foi o principal tema de debate durante o painel da conferência da APREN, “Portugal Renewable Energy Summit 2020“, realizada esta quinta-feira, no Culturgest, em Lisboa.

A Entidade Reguladora de Serviços Elétricos (ERSE), considera que a MIBEL tem tido uma presença no quadro da oferta das energias renováveis “muito elevada”, estando ao nível dos maiores players a nível mundial.

Atualmente, Portugal e Espanha têm 15% de capacidade de interligação elétrica à Europa, previsto no horizonte 2030. Em cima da mesa continua a hipótese de criar uma interligação entre a Península Ibérica e outros parceiros europeus, nomeadamente com França, que ficou prometida para 2018 mas que ainda não viu a luz ao fim do túnel.

“Assistimos a uma alteração na relação entre a Península Ibérica e a Europa”, referiu Artur Trindade, antigo secretário de Estado da Energia na sua intervenção e presidente do Operador do Mercado Ibérico (OMIP). “Andámos nos últimos 20 e 30 anos a debater a integração da Península Ibérica nos mercados europeus sempre tendo em conta que as interligações serviram para o sistema ibérico ser popular para o resto da Europa e que isso iria ter um fator possível de baixar o custo de energia”.

Porém, segundo Artur Trindade, aquilo que se começou a verificar é que a oscilação no quadro dos preços da energia deixou de ser benéfica para o mercado português e espanhol, e por isso, considera que a estratégia de interligação com outros parceiros europeus “já não é prioridade”.

“Ter energia ao mesmo preço que os parceiros europeus significa ter energia mais cara”, vincou, considerando que essa parceria não faz sentido, mas que “terão que ser os outros a puxar por esse objetivo” de modo a que Portugal possa sair beneficiado.

Em sentido contrário, Cristina Portugal, presidente do órgão regulador, considera que é importante manter o “empenho em trabalhar de uma forma integrada em todos os envolvimentos, conversar com todos os agentes do mercado” sobre a importância de integrar a energia “de uma forma mais rápida” de maneira “a estarmos melhor preparados para o futuro”.

Tendo isto em consideração, a responsável pela ERSE discorda das declarações do antigo secretário de Estado da Energia e argumenta que “a integração dos mercados deve e tem sido considerada pela ERSE como um elemento essencial para facilitar a integração das renováveis”, acrescentando que a estratégia de “interligação continua a ser relevante, importante e não perdeu atualidade. Bem pelo contrário”, reforçou.

“Mantém-se atual porque atua como motor de eficiência nos próprios investimentos que são necessários para concretizar a transição energética em economias mais descarbonizadas”, explicou.

Certa de que ainda existe uma oportunidade de interligação com outros parceiros do bloco europeu, Cristina Portugal ressalva que a aposta deve ser feita na geração elétrica através da fileira solar nas geografias a Sul, dado que “são mais atrativas do que aquelas mais a Norte”.

 

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