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Investimento produtivo é aquele que permite um crescimento em valor superior, diz presidente do COMPETE 2020

As soluções de investimento estão adaptadas às necessidades das empresas, mas o mais importante é ter em conta que o investimento tem de seguir uma orientação “para que as empresas cresçam criando valor acrescentado”, frisou o presidente do COMPETE 2020.
  • Cristina Bernardo
17 Janeiro 2019, 12h57

Há soluções de investimento adaptadas às necessidades das empresas? Foi com esta questão que começou o debate da mesa redonda, moderado pelo diretor do Jornal Económico, Filipe Alves, que se realizou no âmbito do Fórum Capitalizar, promovido em conjunto pelo Jornal Económico e o Novo Banco, esta quinta-feira no Museu do Oriente, em Lisboa. A resposta dos participantes institucionais foi unânime: sim.

O presidente do programa estatal COMPETE 2020, Jaime Andrez, salientou a importância de uma articulação no desenvolvimento do investimento no apoio às PMEs, uma vez que desde 2009, o PIB português caiu sete pontos percentuais. “Mas a Itália perdeu 27%, não foi só Portugal que foi pressionado pela queda do PIB”, disse Jaime Andrez. “Mas estamos assustados”.

As soluções de investimento estão adaptadas às necessidades das empresas, mas o mais importante é ter em conta que o investimento tem de seguir uma orientação “para que as empresas cresçam criando valor acrescentado”, frisou o presidente do COMPETE 2020. “Quando se fala em investir e crescer, tem de se crescer de forma qualificada, isto é, a proporção do valor acrescentado aportado pelo crescimento tem de ser superior à proporção do crescimento do investimento”, explicou. Por outras palavras, o investimento produtivo é aquele que permite um crescimento em valor superior.

Além disso, “tem de haver uma envolvente favorável ao investimento, que passa pela fiscalidade, pelo emprego, pela ciência, pela energia”, entre outros fatores, revelou Jaime Andrez.

Um desses fatores passa pela inovação, salientou o chefe de representação em Portugal do Banco Europeu de Investimento (BEI), Kim Kreilgaard. Apesar de apenas residir no país há dois anos, nota “uma inovação nas industrias tradicionais” e “há várias empresas, que com a ‘mesma tecnologia’, estão a desenvolver outros produtos”, disse. Tal só é possível porque “há um simetria de comunicação entre a banca e o inovador”.

Enquanto facilitador do investimento às empresas mais inovadoras, o BEI criou um financiamento “que se parece com private equity”, chamado venture debt, explicou Kreilgaard. “O venture debt é para as empresas em crescimento, muito inovadoras, e que têm a previsão de chegar aos lucros no curto-prazo, entre dois a três anos”, revelou. A linha de crédito vai dos 5 milhões de euros até aos 50 milhões de euros.

O mercado de capitais poderia constituir um elemento facilitador do investimento às empresas portuguesas. Mas o país tem uma economia descapitalizada e um mercado de capitais relativamente pequeno. Uma das soluções para o reforçar poderia consistir na aplicação da poupança dos portugueses ao mercado de capitais. Mas Kreilgaard disse que “a taxa de poupança de Portugal é das mais baixas da Europa e a capacidade interna para Portugal investir é baixa”.

Questionado sobre se a existência de muitas micro-empresas fragilizam a economia portuguesa, Jaime Andrez revelou que são importantes, e “mal seria do país que não as tenha”, garantiu. Isto porque, argumentou, as micro-empresas têm “a capilaridade de estar em todos os lugares do país”, o que contrasta com as grandes e médias empresas, que estão concentradas em determinados pontos do território nacional.

As micro-empresas são, aliás, bastante apoiadas pelo sistema de incentivos do programa COMPETE 2020. “Nós temos uma parcela relevante para as micro empresas, que ultrapassa os 20% de todo o financiamento que já concedemos”, concluiu o presidente do programa público.

 

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