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Irão acelera plano nuclear como resposta a Trump

Tal como previam os analistas, a crispação da Casa Branca em relação ao Irão está a resultar no endurecimento do regime – que já está a regressar à tentação nuclear.
22 Maio 2019, 07h32

É possível que uma guerra entre o Irão e os Estados Unidos redunde no “fim oficial do Irão”, como escreveu o presidente norte-americano, Donald Trump, no Twitter, nenhum analista duvida disso – apesar de haver vários casos em que a presença do país mais militarizado do mundo não foi suficiente para garantir uma vitória. Mas, enquanto isso não sucede, as consequências das palavras de Trump dão-se, como os analistas anteciparam, no endurecimento do regime iraniano.

Esse endurecimento dá-se, desde logo, com o possível regresso do Irão ao projeto nuclear – e não apenas para fins pacíficos –, algo que tem sido combatido pela Europa e pela União Europeia desde que os Estados Unidos decidiram retirar-se do acordo nuclear com o Irão.

Os parceiros europeus sabiam que esse era o maior risco que poderia resultar da decisão do Irão, mas o problema é que parece ser cada vez mais evidente que as medidas de contenção tomadas por vários países do mundo estão a soçobrar face às metástases das sanções económicas impostas pelos Estados Unidos.

“O terrorismo económico e as provocações genocidas não vão acabar com o Irão. Tente ser respeitoso. Funciona!”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, também no Twitter. “Trump espera conseguir o que Alexandre o Grande, Genghis Khan e outros agressores não conseguiram”, escreve ainda.

O problema é que, não o tendo conseguido, esses antigos chefes militares conseguiram colocar o antigo império persa em grandes dificuldades – além, claro está, da mortandade que promoveram.

Javad Zarif fala de uma ‘equipa B’, que está por trás das decisões de Trump. E nomeia-a: John Bolton (assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos), Benjamin Netanyahu (primeiro-ministro de Israel), Mohamed Bin Zayed (Emirados Árabes Unidos), e Mohame Bin Salman (Arábia Saudita).

Por estes dias, os Estados Unidos ‘divertem-se’ a enviar ao Irão mensagens de sentido contrário: por um lado, porta-aviões e bombardeiros a viajarem para o Golfo Pérsico; e, por outro, as declarações de Trump a exortarem o Irão a regressar à mesa das negociações.

No meio disto, o governo iraniano fez saber que a fábrica de Natanz quadruplicou a sua capacidade de transformação do urânio – o que, segundo indicam os jornais, ainda não é uma violação do acordo nuclear. Teerão informou que vai enriquecer urânio até ao limite do que é possível pelo acordo, colocando pressão sobre o resto do mundo e dando indicação de que com facilidade pode passar acima de todos os limites.

Ao mesmo tempo, embora de forma não oficial, o regime iraniano ameaça fechar o Estreito de Ormuz, canal fundamental do comércio global de petróleo. Se isso vier a acontecer, e mesmo que não dure muito tempo, o mundo pode repentinamente ver-se confrontado com uma crise petrolífera – que pode ser suficiente para o preço do crude nos mercados internacionais subir para valores de que resulte num emagrecimento do crescimento económico global.

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