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Irão conclui périplo pelas capitais que apoiam acordo nuclear

Mohammad Javad Zarif, chefe da diplomacia iraniana, esteve na China, Rússia e na Europa, onde se encontrou com Federica Mogherini. Aparentemente, as notícias da morte do acordo foram prematuras.
16 Maio 2018, 07h28

Nenhum dos restantes cinco países que, para além dos Estados Unidos, assinaram o acordo nuclear com o Irão apoiou a resolução do presidente norte-americano em sair do perímetro do que foi assinado em 2015, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano não quis, mesmo assim, deixar de ouvir isso mesmo de viva voz.

O assim, desde domingo que Mohammad Javad Zarif – um dos que, pelo lado do Irão, mais se empenhou no debate que antecedeu a assinatura do acordo – tem vindo a visitar esses cinco países.

Iniciou o périplo por Pequim, onde deixou claro que o Irão está empenhado em manter o espírito do acordo, com o governo chinês a afirmar o seu igual empenho. No dia seguinte esteve em Moscovo, onde recebeu o apoio do homólogo russo, Sergei Lavrov, que disse que os russos e os europeus devem unir-se na defesa deste acordo, tendo manifestado o desejo russo nesse sentido.

Esta terça-feira viajou para a Europa para encontrar-se com representantes da França, Reino Unido e Alemanha. Mas, antes disso, encontrou-se em Bruxelas com a comissária que encabeça a diplomacia da União Europeia, a italiana Federica Mogherini. No final do encontro, Zarif, citado por várias agências noticiosas, disse que “estamos no bom caminho para avançar, o que quer que for decidido deve preservar e garantir os direitos do Irão”.

O responsável pela diplomacia iraniana adiantou ainda que os dois lados vão continuar a encontrar-se “nas duas próximas semanas” para aprofundar pontos de vista comuns sobre o acordo nuclear.

Caso a UE não forneça provas sólidas de que permanecerá no acordo com o Irão, o país vai retomar a produção de urânio (para fins não militares), disse Zarif, tal como já tinha dito nas duas capitais que visitou anteriormente.

O acordo nuclear permitiu o levantamento gradual das sanções económicas e financeiras internacionais ao Irão, em troca do compromisso de Teerão de limitar o seu programa nuclear a fins civis.

É de recordar que a chanceler alemã Angela Merkel disse que a relação dos europeus com os Estados Unidos sofreu um revés após Washington decidir retirar-se do acordo nuclear com o Irão.
Entretanto, nenhum responsável europeu quis comentar as declarações do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, que afirmou em entrevista à Fox News que o seu país quer trabalhar com os países europeus num novo acordo nuclear com o Irão – com a diferença essencial de que, desta vez, do acordo devem fazer parte clausulas que englobem o programa iraniano de produção mísseis. Pompeo foi assim de encontro àquilo que Israel considera a principal lacuna do acordo – que sempre se recusou a aceitar.

De qualquer modo, os encontros com o chefe da diplomacia iraniana levam a crer que a União Europeia e os países europeus signatários do acordo estão mais interessados em preservar o que foi assinado em 2015, que partir para novas negociações com os Estados Unidos em torno de um eventual novo texto – que faria tudo voltar à estaca zero.

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