Nenhum dos restantes cinco países que, para além dos Estados Unidos, assinaram o acordo nuclear com o Irão apoiou a resolução do presidente norte-americano em sair do perímetro do que foi assinado em 2015, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano não quis, mesmo assim, deixar de ouvir isso mesmo de viva voz.
O assim, desde domingo que Mohammad Javad Zarif – um dos que, pelo lado do Irão, mais se empenhou no debate que antecedeu a assinatura do acordo – tem vindo a visitar esses cinco países.
Iniciou o périplo por Pequim, onde deixou claro que o Irão está empenhado em manter o espírito do acordo, com o governo chinês a afirmar o seu igual empenho. No dia seguinte esteve em Moscovo, onde recebeu o apoio do homólogo russo, Sergei Lavrov, que disse que os russos e os europeus devem unir-se na defesa deste acordo, tendo manifestado o desejo russo nesse sentido.
Esta terça-feira viajou para a Europa para encontrar-se com representantes da França, Reino Unido e Alemanha. Mas, antes disso, encontrou-se em Bruxelas com a comissária que encabeça a diplomacia da União Europeia, a italiana Federica Mogherini. No final do encontro, Zarif, citado por várias agências noticiosas, disse que “estamos no bom caminho para avançar, o que quer que for decidido deve preservar e garantir os direitos do Irão”.
O responsável pela diplomacia iraniana adiantou ainda que os dois lados vão continuar a encontrar-se “nas duas próximas semanas” para aprofundar pontos de vista comuns sobre o acordo nuclear.
Caso a UE não forneça provas sólidas de que permanecerá no acordo com o Irão, o país vai retomar a produção de urânio (para fins não militares), disse Zarif, tal como já tinha dito nas duas capitais que visitou anteriormente.
O acordo nuclear permitiu o levantamento gradual das sanções económicas e financeiras internacionais ao Irão, em troca do compromisso de Teerão de limitar o seu programa nuclear a fins civis.
É de recordar que a chanceler alemã Angela Merkel disse que a relação dos europeus com os Estados Unidos sofreu um revés após Washington decidir retirar-se do acordo nuclear com o Irão.
Entretanto, nenhum responsável europeu quis comentar as declarações do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, que afirmou em entrevista à Fox News que o seu país quer trabalhar com os países europeus num novo acordo nuclear com o Irão – com a diferença essencial de que, desta vez, do acordo devem fazer parte clausulas que englobem o programa iraniano de produção mísseis. Pompeo foi assim de encontro àquilo que Israel considera a principal lacuna do acordo – que sempre se recusou a aceitar.
De qualquer modo, os encontros com o chefe da diplomacia iraniana levam a crer que a União Europeia e os países europeus signatários do acordo estão mais interessados em preservar o que foi assinado em 2015, que partir para novas negociações com os Estados Unidos em torno de um eventual novo texto – que faria tudo voltar à estaca zero.
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