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Isabel dos Santos: “Não tenho capital ilícito em Portugal”

Numa entrevista à RTP3, Isabel dos Santos foi questionada sobre se receia um arresto do seu património em Portugal. “Eu quero acreditar que a justiça portuguesa é uma justiça real e que funciona e que há um Estado de direito em Portugal”, respondeu a filha do ex-presidente angolano.
  • Toby Melville/Reuters
16 Janeiro 2020, 08h11

Isabel dos Santos afirmou esta quarta-feira que os investimentos que fez em Portugal foram financiados através de dividendos ganhos nas suas empresas em Angola, cujas exportações foram validadas pelo Banco Nacional de Angola e pelas autoridades portuguesas, portanto não são ilícitos.

Numa entrevista à RTP3, a empresária e filha de José Eduardo dos Santos foi questionada sobre a sua intenção relativamente às participações que tem em empresas portuguesas, no contexto de uma notícia do Jornal Económico de que o Eurobic, no qual tem 42%, estaria a ser sujeite a uma inspeção do Banco de Portugal por suspeitas de branqueamento de capitais.

“Primeiro é preciso perceber que todos os investimentos que eu fiz em Portugal foram investimentos que vieram via o Banco Nacional de Angola, portanto eu não tenho capital ilícito em Portugal”, explicou Isabel dos Santos.

Além da participação no Eurobic, a empresária tem posições importantes indiretas na Galp Energia, na telecom NOS na empresa de engenharia Efacec.

No final de 2019 o Tribunal Provincial de Luanda emitiu um despacho sobre o arresto de bens de Isabel dos Santos, incluindo contas bancárias e participações em várias empresas angolanas. A decisão judicial, pedida pelo Estado angolano, indica que está em causa a não devolução de um financiamento que a Sonangol tinha constituído para pagar a entrada da Exem — cujos beneficiários são a empresária e o marido — numa sociedade controlada pelo Grupo Amorim e dessa forma, indiretamente, na portuguesa Galp Energia.

“Todos os investimentos que tenho em Portugal, são investimentos que foram dos meus dividendos de empresas legítimas que trabalham e recuperam dividendos declarados com autorizações do Banco Nacional de Angola para exportar estes dividendos para Portugal e fazer os respectivos investimentos”, sublinhou. “Todos os investimentos que eu tenho em Portugal também foram validados pelas autoridades, ou seja, eu sempre fui transparente”.

Questionada sobre se as suspeitas que poderão a estar investigadas pelo Banco de Portugal por branqueamento de capitais no Eurobic são um problema, Isabel dos Santos respondeu que “nós sempre colaboramos com o Banco de Portugal, estivemos e estamos sempre prontos a prestar qualquer esclarecimento”

Salientou que investe em Portugal há mais de 15 anos e que “é preciso perceber que o banco BIC, quando nós o compramos estava falido, portanto tivemos que reconstruir o banco”.

“A Efacec, quando eu invisto na empresa, é uma empresa que tem grandes dificuldades financeiras e foi uma empresa que precisou de investimento, que precisou de ser reconstruída”, adiantou.

Vítor Gonçalves, o jornalista da RTP que conduziu a entrevista, perguntou à empresária se receia algum arresto dos seu património em Portugal.

“Eu quero acreditar que a justiça portuguesa é uma justiça real e que funciona e que há um Estado de direito em Portugal”, respondeu a filha do ex-presidente angolano. “Acredito que a justiça portuguesa há de nos sempre dar a ocasião de apresentar os nossos factos, de apresentar os nossos esclarecimentos, e que é uma justiça prudente, num Estado democrático”.

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