A Islândia perdeu, oficialmente, o seu primeiro glaciar devido ao aquecimento global. Okjökull, ou ‘Ok’ como muitos o apelidaram por ter uma pronunciação mais fácil, desapareceu este fim de semana e o país realizou um funeral, de forma a alertar para o aquecimento global que se tem feito sentir.
De acordo com o jornal ‘The Guardian’, os cientistas avisaram que outras centenas de camadas de gelo, que outrora foram glaciares, podem vir a ter o mesmo destino que ‘Ok’. Uma placa de bronze foi colocada por cerca de 100 pessoas, numa encosta nua que em tempos estava coberta com o gelo do glaciar mais conhecido da Islândia, e que ocupa as paredes com quadros de muitas habitações na região oeste do país.
No ano em que julho foi o mês mais quente, a primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir, e a antiga comissária dos Direitos Humanos da ONU, Mary Robinson, além de diversos cientistas, fizeram questão de estar presentes quando a placa em comemoração de Okjökull fosse colocada.
“Espero que esta cerimónia seja uma inspiração, não só para aqueles aqui na Islândia, como para o resto do mundo. Porque o que estamos a ver aqui é apenas uma faceta da crise climática”, afirmou a primeira-ministra da Islândia. Com a classificação de 300 glaciares ao longo da História, a Islândia já perdeu 56 desde o início do século XXI, sendo Okjökull o mais reconhecido mundialmente.
In #Iceland, 56 out of 300 recorded #glaciers, have been lost since the turn of the century. Of these #Ok is by far the best known. Ok is displayed on most maps of Iceland to be found in households around the country ??? Photos? show Ok in
— MFA Iceland Arctic (@IcelandArctic) August 16, 2019
1990, 2003 & 2014 #Arctic pic.twitter.com/RazRtf8dRR
A placa colocada no local para relembrar a existência de ‘Ok’ refere a homenagem como “uma carta para o futuro”, cujo objetivo é aumentar a consciencialização sobre a perda de glaciares e os efeitos das alterações climáticas que estão a acontecer em diversos pontos do mundo.
“Ok é o primeiro glaciar da Islândia a perder o estatuto como glaciar”, lê-se na inscrição, sendo que perdeu o estatuto em 2014 mas em 2019 desapareceu oficialmente. “Nos próximos 200 anos, estima-se que todos os nossos glaciares sigam o mesmo caminho. Este monumento serve para reconhecer que nós sabemos o que está a acontecer e o que precisa de ser feito”, continua a inscrição na placa.
“Apenas tu sabes se conseguimos fazê-lo”, termina, assinando com a data de agosto de 2019 e “415 ppm CO2”, que refere ao nível recorde de concentração de dióxido de carbono (CO2) que se registou na atmosfera no mês de maio de 2019.
O professor de Aerodinâmica da Universidade de Berlim Julien Weiss assistiu à cerimónia e referiu ao jornal que “ver um glaciar desaparecer é algo se pode ver, pode-se entender e é extremamente visual”. “Não sentimos as alterações climáticas diariamente, é algo que acontece lentamente à escala humana, mas muito rapidamente numa escala geológica”, afirmou o professor.
“A placa colocada no local onde existia o glaciar serve para enfatizar os efeitos que o ser humano teve no planeta ao longo dos anos, e serve para chamar a atenção por ser algo realizado pelos humanos, embora não seja algo de que nos devemos orgulhar”, sustentou outro presente na cerimónia.
Todos os anos, a Islândia perde 11 mil milhões de toneladas de gelo. Os cientistas que têm estudado as alterações climáticas e os efeitos que estas têm no mundo, estimam que todos os glaciares da ilha desapareçam até 2200. Atualmente, os glaciares existentes cobrem perto de 11% de toda a superfície da Islândia.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com