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Israel: com 98% dos votos contados, Gantz amplia vantagem sobre Netanyahu

A agora provável derrota do atual primeiro-ministro pode sair-lhe cara, se não conseguir manter a imunidade perante os tribunais. Entretanto, permanece a incógnita sobre qual será a composição do próximo governo.
  • Ronen Zvulun /Reuters
19 Setembro 2019, 14h14

Parece cada vez mais certo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vai mesmo perder as eleições: depois de o seu maior rival, Benjamin Gantz, líder da aliança Azul-Branca, tem estado a apenas um passo do Likud até terem sido apurados 60% dos votos, agora que estão contados 98% (segundo as últimas notícias do jornal ‘Haaretz’), a vantagem alargou-se.

Numa altura em que faltam apurar apenas 2% dos votos, a vitória de Gantz está assim mais próxima de acontecer. O que tem duas leituras. Por um lado, um dos objetivos de Netanyahu – manter-se como primeiro-ministro – resultou num enorme fracasso, o que por certo vai colocá-lo sob a alçada da Justiça, obrigando-o a responder a pelo menos três processos em que é acusado de favorecimento e corrupção passiva. É que, se voltasse a ser primeiro-ministro, Netanyahu poderia contar com a imunidade que em princípio o parlamento lhe concederia.

Por outro lado, o país mantém-se razoavelmente ingovernável, dado que as duas maiores forças políticas, Likud à direita e coligação Azul-Branca ao centro, têm afirmado que se recusam a governar juntas e dificilmente deixarão passar um governo do outro partido no parlamento.

Mas, a ver pela imprensa israelita, parece haver um forte apelo a que as duas forças se entendam, para que o país não tenha nenhuma quebra institucional – que lhe provoque um sobressalto económico e de algum modo a debilite (mesmo do ponto de vista militar) face aos seus adversários externos. Este entendimento poderia passar claramente por uma das forças deixar passar um governo formado pelo partido mais votado – no caso, teria que ser o Likud a permitir um governo das coligação de Gantz.

Mas uma alternativa tem sido crescentemente enunciada como tal desde o dia das eleições – altura em que ficou claro que elas não serviriam para fornecer uma maioria absoluta; um governo de ‘salvação nacional’ que agregasse as duas forças políticas no executivo.

São óbvias as dificuldades que se colocam a uma solução deste género, mas a verdade é que a hipótese está em cima da mesa, tem muitos defensores e já não deixará de marcar o conturbado momento político em Israel.

Entretanto, a Netanyahu resta ainda uma esperança: a possibilidade de, mesmo não ganhando as eleições, conseguir agregar em seu torno uma coligação – necessariamente com a extrema-direita nacionalista e com os ortodoxos – que possa assegurar uma maioria no Knesset, o parlamento israelita (com um mínimo de 61 lugares).

De qualquer modo, e como todos os analistas previam, as eleições não serviram para aclarar a difícil situação política interna de Israel, numa altura em que se depara com um contexto externo particularmente melindroso para os seus interesses: o aumento da tensão entre o Irão (por estes dias o seu maior inimigo) e a Arábia Saudita, país a quem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que se aproximasse dos israelitas.

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